A conquista do Rovuma

Se há episódio pouco conhecido da História de Portugal foi o que se passou na defesa de Moçambique durante a Primeira Guerra Mundial. Há cem anos foi necessário garantir que o território se mantinha português, mas nem tudo correu bem...

Moçambique e Angola foram palco de combates entre portugueses e alemães muito antes dos dois países entrarem oficialmente em guerra entre si .

O sul de Angola – em Naulila, Quangar ou Lubango – assistiu a intensos combates logo em 1914, mas a intervenção de forças da África do Sul pôs fim ao conflito naquele território. Seria sobretudo em Moçambique – na fronteira norte do rio Rovuma – que viria a centrar a maioria dos esforços militares depois da Alemanha declarar guerra a Portugal, em março de 1916.

Depois desse período tornou-se ainda mais imperativo para Lisboa afirmar-se em áfrica, até porque fora em Moçambique que acontecera o primeiro incidente fronteiriço, a 25 de agosto de 1914, com um ataque alemão ao posto fronteiriço de Maziua, no Rovuma, altura em que foi morto o chefe do posto, incendiadas as instalações e as palhotas vizinhas.

A propaganda da época relembrava também a ocupação pela Alemanha do posto português de Quionga, na foz do Rovuma, em 1892. O rio era usado como fronteira entre o sul da África Oriental Alemã (atual Tanzânia) e o norte de Moçambique, e viria a tornar-se túmulo para muitos portugueses.

A 11 de setembro de 1914, escassas duas semanas depois do primeiro incidente, partiu a primeira expedição militar com destino a Moçambique, chefiada pelo tenente-coronel Massano de Amorim. Um batalhão, uma bateria e um esquadrão desembarcaram a 1 de novembro em Porto Amélia. Pretendia-se reocupar Quionga e invadir o território da alemão.

A 7 de novembro chegaram reforços da metrópole. A segunda expedição, comandada pelo major de artilharia Moura Mendes, constituída por infantaria, artilharia, cavalaria, engenharia e uma unidade de Saúde e serviços, desembarcou também em Porto Amélia. Os planos de controlo do Rovuma só se concretizariam, no entanto, em 1916, depois da declaração de guerra.

Em junho registam-se combates em que participaram também o cruzador Adamastor e a canhonheira Limpopo. A partir de de maio as forças terrestres tentam passar o Rovuma, mas são rechaçadas e só em setembro tropas portuguesas conseguem invadir a África oriental Alemã.

Seguem-se diversos os combates e em em Outubro os portugueses conseguem ocupar o forte de Nevala. Será o ponto alto das operações das forças expedicionárias em território alemão. Em novembro perante a ameaça alemã o forte é abandonado, seguindo-se meses e anos com os portugueses a acumular derrotas em confrontos com as forças alemãs.

O general alemão von Lettow Vorbeck invadiu mesmo o norte de Moçambique, movimentando-se à vontade e chegando às portas de Quelimane, em 1918. Tornou a sair pelo norte, pelo Rovuma, e seguiu depois viagem para a Rodésia. Diria mais tarde que procurava medicamentos e botas para as suas tropas. Rendeu-se após o armistício de 12 de novembro, quando controlava a guerra em Moçambique.

Portugal conseguiu contudo, pela sua participação na guerra, manter a posse do triângulo de Quionga.

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Ficha Técnica

  • Título: Postal da Grande Guerra - A conquista do Rovuma
  • Tipologia: Programa
  • Autoria: Graça Andrade Ramos
  • Produção: RTP
  • Ano: 2016