A entrada de Junot em Lisboa

A Primeira Invasão Francesa de Portugal foi comandada por Junot, que chegou a Lisboa depois de um longo e penoso percurso que o fez perder uma boa parte dos homens e do equipamento inicial. Nessa altura já a família real portuguesa estava a caminho do Brasil.

Na madrugada de 30 de novembro de 1807,  foi afixado em várias praças e ruas de Lisboa um panfleto com uma declaração do general Junot aos habitantes da cidade. Dizia que o exército francês vinha salvar a família real portuguesa da influência maligna da Inglaterra e terminava com a seguinte mensagem: “moradores de Lisboa, vivei sossegados em vossas casas; não receeis coisa alguma do meu exército nem de mim; os nossos inimigos e os malvados somente devem temer-nos; O grande Napoleão, meu amo, envia-me para vos proteger, e eu vos protegerei”.

Horas depois, o exército francês entrava na cidade, depois de ter pernoitado em Sacavém. Foi uma entrada sem triunfo nem brilho, porque a principal intenção de Junot era capturar a família real, mas esta tinha largado para o Brasil na véspera. A recebê-lo estava apenas uma regência. Além disso, o exército francês que desfilou pelas ruas da cidade era composto por soldados esfarrapados, cansados e doentes. Como afirma uma fonte da época, “mais excitavam a piedade do que o terror dos espectadores”.

 

  • Como decorreu a invasão até chegar a Lisboa?

A chegada de Junot à capital foi o desfecho de um longo processo iniciado alguns anos antes, quando Napoleão exigiu que Portugal fechasse os seus portos à Inglaterra. Durante algum tempo, o Príncipe Regente, futuro D. João VI tentou uma solução impossível, que era a de satisfazer Napoleão sem prejudicar os interesses portugueses, que estavam ligados à Inglaterra. Ao longo de 1807, essa posição ambígua e de jogo duplo tornou-se cada vez mais difícil de sustentar. Em agosto, formou-se um exército franco-espanhol em Baiona, destinado a invadir Portugal, ao mesmo tempo que Napoleão emitia um ultimato final. Em meados de novembro, esse exército atravessou a fronteira e marchou ao longo da linha do Tejo, de modo a chegar a Lisboa o mais depressa possível. O trajeto foi, no entanto, lento e penoso de percorrer, devido ao mau estado das estradas, ao terreno acidentado e difícil e à falta de abastecimentos. A decisão de evacuar a corte para o Brasil, que já tinha sido ponderada, teve então lugar, e quando Junot chegou à capital encontrou um vazio de poder.

 

  • O que aconteceu depois?

De início, a ocupação francesa decorreu sem problemas. O príncipe regente tinha deixado instruções para que as autoridades e a população colaborassem com os ocupantes e Portugal era, aparentemente, um país fácil de dominar. Porém, os motins causados pela substituição da bandeira portuguesa pela francesa no castelo de S. Jorge eram um sinal em sentido contrário. Pouco depois, deflagrou em Espanha uma revolta contra Napoleão, o que levou as tropas espanholas que participaram na invasão a retirar-se. Junot, cada vez mais inseguro, entregou então o poder aos seus generais, que ocuparam as principais cidades de Portugal.

Em junho de 1808 estalaram as primeiras revoltas, primeiro no norte e depois um pouco por todo o país, que contaram com o apoio de tropas inglesas. Incapaz de reprimir a insurreição generalizada e derrotado na batalha do Vimeiro, em agosto, Junot e as suas tropas retiraram-se de Lisboa a 15 de setembro desse ano, encerrando deste modo a Primeira Invasão Francesa.

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Ficha Técnica

  • Título: Os Dias da História - Entrada de Junot em Lisboa
  • Tipologia: Programa
  • Autoria: Paulo Sousa Pinto
  • Produção: Antena 2
  • Ano: 2017
  • Junot protegendo Lisboa: Domingos Sequeira