“Deriva VIII”, de Sophia

Um dia Sophia atravessou o mar até Macau e trouxe poemas como este que o programa "Voz" recupera na leitura do ator Diogo Infante. E o que viu a poetisa viajante está no livro "Navegações", do qual faz parte os versos de "Deriva VIII". Para ver, ouvir e ler aqui.

Deriva VIII

Vi as águas os cabos vi as ilhas
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais
E ouvi o fundo som das suas falas
Que nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flôr das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais
Vi pérolas e conchas e corais
Desertos fontes trémulas campinas
Vi o rosto de Eurydice das neblinas
Vi o frescor das coisas naturais
Só do Preste João não vi sinais

As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri.

Sophia de Mello Breyner Andresen
in Navegações

 

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Temas

Ficha Técnica

  • Título: "Voz"
  • Tipologia: Programa de Poesia
  • Autoria: Produções Fictícias
  • Produção: até ao Fim do Mundo
  • Ano: 2005