Fim do Grande Cerco de Gibraltar
A 7 de fevereiro de 1783 chegou ao fim o cerco a que as forças combinadas de França e de Espanha submeteram Gibraltar. Foi um longo cerco, que teve início em junho de 1779 e que se prolongou durante três anos e meio.
A operação começou com o encerramento da fronteira e com o reforço das fortificações e das baterias de artilharia por parte do exército espanhol, ao mesmo tempo que uma armada franco-espanhola bloqueava Gibraltar por mar.
A guarnição britânica era composta por pouco mais de 5 mil soldados sob o comando do general George Eliott, que enfrentou um exército com quase o triplo da dimensão, numa desproporção de forças que se alargou no decorrer do cerco.
As forças britânicas foram abastecidas por três vezes, por via de socorros marítimos que conseguiram furar o bloqueio naval. Em setembro de 1782, os aliados lançaram um ataque direto e simultâneo às posições britânicas, por mar e por terra, mas Gibraltar resistiu.
Finalmente, e no decorrer de negociações de paz em curso, as forças franco-espanholas levantaram o cerco a 7 de fevereiro de 1783.
- Qual foi a causa do cerco?
A aliança anti-britânica remontava a 1761, quando Luís XV de França e Carlos III de Espanha assinaram o chamado “terceiro Pacto de Família”, uma vez que ambos os monarcas pertenciam à Casa de Bourbon.
Este alinhamento teve lugar durante a Guerra dos Sete Anos, que se saldou pela derrota da França e da Espanha, perdendo diversas possessões na América e na Ásia a favor da Grã-Bretanha.
As duas potências aguardavam, portanto, o momento oportuno para poderem recuperar os territórios perdidos. Esse momento chegou com o deflagrar da Guerra de Independência norte-americana, na qual intervieram a favor dos rebeldes. Em 1779, pelo Tratado de Aranjuez, as duas monarquias firmaram uma aliança militar anti-britânica.
O ataque a Gibraltar destinava-se a enfraquecer o poderio inimigo no Mediterrâneo e a recuperar para a Espanha a ilha de Minorca, então ocupada. Esta ofensiva, de acordo com os planos franco-espanhóis, abriria então o caminho para um ataque direto às ilhas britânicas.
- O que aconteceu depois?
As negociações de paz tiveram lugar em Paris ao longo do ano de 1783 e envolveram todas as potências que intervieram na Guerra de Independência norte-americana.
Houve vários tratados assinados nos quais a Grã-Bretanha, a França, Espanha e os Países Baixos resolveram questões pendentes e fizeram acertos territoriais. O principal resultado da Paz de Paris foi, naturalmente, o reconhecimento dos Estados Unidos da América pela antiga potência colonial.
Quanto a Gibraltar, o fracasso do cerco franco-espanhol inviabilizou as expectativas de Espanha de recuperar este território, que estava sob ocupação britânica desde 1704 e que os espanhóis não conseguiram colocar na mesa das negociações de paz.
Conseguiram, contudo, confirmar o controlo de Minorca, que tinham reconquistado em 1782. Do lado britânico, o fim do cerco foi celebrado em Inglaterra como uma grande vitória militar, tendo o governador George Eliott sido feito cavaleiro e recebido um novo título nobiliárquico criado especialmente para o efeito, o de Barão Heathfield of Gibraltar.
Ficha Técnica
- Título: Os Dias da História - Fim do “Grande Cerco de Gibraltar”
- Tipologia: Programa
- Autoria: Paulo Sousa Pinto
- Produção: Antena 2
- Ano: 2018
- Imagem: Cerco e salvamento de Gibraltar