Inauguração do Canal do Suez, no Egito

O canal do Suez é uma ligação artificial com cerca de 200 quilómetros de extensão que liga o Mar Mediterrâneo, mais precisamente Port Said, à cidade de Suez, no Mar Vermelho. A cerimónia oficial de abertura teve lugar a 17 de novembro de 1869, promovida por Ismail Pasha, o governador otomano do Egito, e contou com a presença de Eugénia, imperatriz de França e mulher de Napoleão III.

Foi o culminar do processo iniciado em 1854, quando o diplomata e engenheiro francês Ferdinand de Lesseps conseguiu despertar o interesse do governador egípcio e convencê-lo a conceder as necessárias autorizações. Pouco depois foi criada a Companhia do Canal do Suez, um consórcio franco-egípcio responsável pela execução do projeto e pela futura exploração do canal. Os trabalhos de escavação tiveram início em 1859 e foram suspensos por mais de uma vez, quer devido a problemas políticos, quer por dificuldades técnicas. Ali trabalharam centenas de milhares de homens, grande parte sob regime de trabalho forçado, ao longo de dez anos.

 

  • Quais foram os motivos que levaram à construção do canal?

Há notícias de projetos de abertura de canais de navegação entre o Mediterrâneo ou o rio Nilo e o Mar Vermelho desde o II milénio a.C., mas há dúvidas de que algum deles tenha funcionado de modo permanente. Os primeiros projetos de engenharia moderna surgiram apenas no século XIX, por influência francesa, e destinavam-se a permitir aos navios a vapor uma via rápida de comunicação entre o Atlântico e o Índico, evitando assim a lenta circum-navegação do continente africano. Este projeto deparou com duas dificuldades principais: a primeira era o receio de que existisse uma grande diferença de nível entre o Mar Mediterrâneo e do mar Vermelho, o que inviabilizava a construção do canal. Só na década de 1840 é que cálculos rigorosos provaram que essa diferença era praticamente inexistente. A segunda dificuldade era política, uma vez que o Império Britânico considerava que a abertura do canal era contrária aos seus interesses comerciais e coloniais e opôs-se, portanto, à sua construção, até ao último momento.

 

  • Que impacto teve?

Inicialmente, a Companhia do Canaz do Suez deparou com enormes dificuldades financeiras, o que forçou as autoridades egípcias a vender a sua quota, por ironia, ao Império Britânico. Era, no entanto, uma obra com enorme potencialidade, que teve profundos efeitos sobre o desenvolvimento do comércio internacional e sobre o processo da revolução industrial. Em 1888, a Convenção de Constantinopla declarou que o canal estaria aberto à navegação de todas as nações, sem qualquer exceção ou discriminação, mas ficou desde logo claro que eram sobretudo os interesses franceses e ingleses que mais pesavam na gestão do empreendimento.

O canal do Suez é hoje um dos eixos vitais da navegação internacional, por onde passa cerca de 8% de todo o comércio mundial. O canal foi recentemente sujeito a trabalhos de ampliação, de forma a reduzir os tempos de espera e aumentar a capacidade de tráfego, mas o projeto encontra-se ainda em curso e é objeto de diversas críticas.

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Ficha Técnica

  • Título: Os Dias da História - Inauguração do Canal do Suez, no Egipto
  • Tipologia: Programa
  • Autoria: Paulo Sousa Pinto
  • Produção: Antena 2
  • Ano: 2017