José Cardoso Pires, um “pós-moderno” no neorrealismo

Escrever, emendar, apagar, voltar a escrever. Movimento contínuo que José Cardoso Pires repetiu vezes sem conta, a fugir à corrente que marcava a prosa literária da sua geração. Queria eliminar influências, fazer a sua escrita. À força de trabalho, rigor e disciplina, conseguiu um estilo que não se confundia com nenhum outro do século XX português. Sem palavras a mais, nem sentimentos a atrapalhar a lucidez e a criatividade narrativa. Ficou uma obra única, com uma linguagem moderna.

No final da década de 40 surgiam os primeiros contos de José Cardoso Pires, escritor da primeira geração dos neorrealista. Com eles partilhava a mesma realidade e os mesmos valores, mas deles se distanciava com uma prosa que não cedia a convenções. Seca, sem dramatismos, a narrativa encenava a tragédia do país pequeno e da sociedade portuguesa mesquinha e decadente, porém com um estilo novo.

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É essa voz inconfundível que está presente na sua obra, mais evidente ainda, na opinião de Eunice Cabral, professora de Literatura, no aclamado “O Delfim”, romance de 68: “ele faz uma escrita fragmentária, pós-moderna, (…) com toda a aprendizagem que fez com a vanguarda artística europeia”.

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Ficha Técnica

  • Título: Câmara Clara -José Cardoso Pires
  • Tipologia: Extrato de Programa - Reportagem
  • Autoria: Paula Moura Pinheiro, Inês Fonseca Santos
  • Produção: RTP
  • Ano: 2008