Palma Carlos e Pinheiro de Azevedo, dois chefes de governo

Jurista e antigo bastonário da Ordem dos Advogados, Palma Carlos foi escolhido por Spínola para liderar o I Governo Provisório, a quem a Junta de Salvação Nacional entregou o poder em Maio de 1974. Este advogado, apesar do seu prestigiado currículo, não era uma primeira escolha do MFA, que preferia o governo liderado por uma figura com um passado anti-Estado Novo. Para o acompanhar, Palma Carlos escolheu, entre outros, Mário Soares e Francisco Sá Carneiro, que seriam ministros, procurando assim que o novo executivo tivesse um razoável equilíbrio de poderes.

Com a letra “P” encontramos igualmente o almirante Pinheiro de Azevedo, membro da Junta de Salvação Nacional e primeiro-ministro entre setembro de 1975 e junho do ano seguinte. O VI Governo Provisório, que liderou, não teve vida fácil: para além de ter de lidar com as expectativas muito diferentes dos vários grupos que se tinham constituído – da esquerda à direita -, o pais enfrentava uma onda de tumultos que incluíam ocupações, ataques à bomba e acções violentas. O parlamento foi cercado durante dois dias e os deputados impedidos de sair, e o próprio governo entrou em greve durante dois dias.

Também neste episódio revisitamos o primeiro dia do trabalhador celebrado em liberdade, com grandes manifestações por todo o país. Em Lisboa, Mário Soares e Álvaro Cunhal desfilaram lado a lado, pouco tempo depois de terem regressado do exílio.

Dicionário de Abril” é uma série de pequenos programas dedicados ao 25 de Abril de 1974 e ao período de instauração do regime democrático em Portugal, produzidos a partir de imagens de arquivo.