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Montanhas da Europa

Montanhas da Europa

A Geografia é uma ciência que procura explicar os elementos humanos da paisagem, tendo por base o meio natural, palco da ação humana. Neste sentido, é fundamental conhecer a morfologia da superfície terrestre, nomeadamente os principais conjuntos montanhosos e os processos explicativos da sua génese e evolução, para compreender a sua influência ao nível do clima, da humidade e do coberto vegetal, bem como da forma como as atividades humanas estão implantadas no território.

Em resultado dos agentes da dinâmica interna e da dinâmica externa, o relevo europeu é marcado por setores proeminentes acima dos 1500m de altitude, mas outros em que o aplanamento e deposição de materiais são responsáveis pela existência de grandes planícies (Fig.1).

Mapa hipsométrico da Europa. OPENTOPOMAP

A cordilheira montanhosa do Cáucaso (Fig.2), juntamente com os Montes Urais, é vulgarmente apontada como um dos limites naturais entre a Europa e a Ásia, pelos 1200Km de extensão aproximada, entre os mares Negro e Cáspio. Não obstante atravessar dois continentes, a altitude máxima é atingida em território europeu, no Monte Elbrus (5642m), pelo que é considerado o ponto mais alto deste continente.

Resultante da colisão entre a placa arábica e a placa euroasiática e de origem vulcânica, a cordilheira do Cáucaso é rica em jazidas de petróleo e ocupa uma região cujo historial de ocupação está associado a confrontos de origem política, religiosa e étnica entre nacionalistas e separatistas.

A cordilheira montanhosa dos Alpes é produto da pressão exercida pela placa africana junto da placa euro-asiática, levando ao levantamento de rochas calcárias formadas pela deposição de sedimentos em ambiente marinho.

A cordilheira atravessa seis países – Áustria, Suíça, Eslovénia, Itália, França e Alemanha – bem como os microestados Liechtenstein e Mónaco, atingindo a sua altitude máxima no Monte Branco (4807m), perto da fronteira entre França e Itália.

Pela superfície que ocupa (190 959 km2), o maciço está dividido em Alpes Ocidentais e Alpes Orientais, sendo que é comum designar-se todo o conjunto de arco alpino pela disposição em forma de arco que apresenta (Fig.3).

A sua altitude e consequente formação de neve ao longo de todo o ano, faz dos Alpes uma importante fonte de alimentação dos cursos de água que drenam a região, destacando-se o rio Reno como linha natural que divide a parte ocidental e oriental do conjunto montanhoso.

A sudoeste da Europa ergue-se um conjunto montanhoso – os Pirenéus – com vários picos acima dos 3000m, sobressaindo o Pico do Aneto que se eleva a 3404m de altitude. Curiosamente, a altitude mais alta da Península Ibérica não se regista nos Pirenéus, mas sim no pico Mulhacén (3480m), na Serra Nevada.

Os Pirenéus dispõem-se ao longo da fronteira entre Espanha e França na sequência da pressão exercida pela outrora ilha da Península Ibérica junto da placa euroasiática e enrugamento e elevação dos materiais aí existentes. À semelhança dos Alpes, a cordilheira montanhosa dos Pirenéus apresenta materiais de grande dureza como os granitos, não tão alterados pela sua maior resistência à erosão glaciar, mas também, e em alternância, calcários formados pela deposição de sedimentos marinhos em ambientes costeiros.

Fig.2 - Mapa hipsométrico da região do Cáucaso. WIKIPÉDIA
Fig.3 - Mapa hipsométrico do Arco Alpino. WIKIPÉDIA
Fig.4 - Mapa hipsométrico dos Pirinéus. WIKIPÉDIA
Fig.5 - Mapa do território russo dividido pelos Montes Urais, que separam a Europa da Ásia. WIKIPÉDIA

 

A vertente norte apresenta níveis de precipitação superiores aos da vertente sul, pela exposição a massas de ar oriundas do quadrante norte. Classificado como património mundial da Unesco, o Parque Nacional dos Pirenéus, onde se localiza o principado de Andorra (Fig.4), é uma atração turística muito relevante.

Em plena península itálica, e atravessando-a longitudinalmente, erguem-se os Apeninos (2912m no Corno Grande) com encostas mais declivosas a leste e menos íngremes a oeste, permitindo a implantação de inúmeras cidades.

Com uma extensão superior a 1500Km e altitude na ordem dos 2655m, os Cárpatos atravessam a República Checa, a Eslováquia, a Polónia, a Roménia e a Ucrânia e são a fonte de alimentação de uma complexa rede de cursos de água da Europa Central – o Dniestre, o Vístula e afluentes do Danúbio. Apesar da altitude, a distância ao mar é um fator condicionante, limitando sobremaneira os quantitativos de precipitação registados ao longo do ano e característicos do clima continental.

Na península da Escandinávia, surgem os Alpes escandinavos, com elevação máxima a 2469m na Noruega. Com orientação N-S, a vertente ocidental, mais exposta aos ventos oceânicos e com valores superiores de humidade, propicia o clima ótimo para uma floresta de coníferas (taiga) mais exuberante do que a registada na encosta oriental, menos húmida.

No contexto dos relevos montanhosos da Europa, os Montes Urais (Fig.5), na Rússia, assumem-se como um limite natural entre os continentes europeu e asiático pela localização/disposição entre ambos e não tanto pela altitude, na medida em que, e por comparação, a altitude máxima registada no Monte Naroda, de 1895m, é inferior à altitude registada na Torre (1993m), na Serra da Estrela. Constitui uma fonte muito importante de recursos minerais metálicos e não metálicos impulsionadores do crescimento industrial da Rússia.

Relevo
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Relevo

Ambiente Biogeográfico: Zona temperada
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Ambiente Biogeográfico: Zona temperada

SÍNTESE

  • As formas de relevo, tal como as conhecemos, são o resultado da ação de agentes da dinâmica interna, mas a sua evolução ao longo dos tempos está associada a fatores externos responsáveis pela erosão e transformação dos relevos, alterando a sua morfologia.
  • No conjunto das grandes montanhas mundiais destacam-se, a nível europeu, as cordilheiras do Cáucaso, Alpes e Pirenéus, logo seguidas de outro conjunto, menos saliente, do qual fazem parte os Apeninos, os Cárpatos, os Montes Escandinavos e os Montes Urais.
  • A elevada altitude que se atinge nas grandes cordilheiras montanhosas é um fator climático importante, pois a diminuição da temperatura e a precipitação orográfica em forma de neve são responsáveis pela erosão e modelação da paisagem típica de montanha (relevo glaciário).
  • Paralelamente, a orientação e disposição do relevo são fatores que interferem na organização de toda uma rede de escoamento, bem como nas diferenças de coberto vegetal entre vertentes.

Temas

Ficha Técnica

  • Área Pedagógica: Meio Natural - Relevo
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Associação de Professores de Geografia
  • Ano: 2021
  • Imagem: Alpes, Vincent M.A. Janssen / Pexels