Fim da batalha de Gallipoli, na Turquia
Gallipoli, hoje Gelibolu, na Turquia, é o nome de uma pequena península que domina o Estreito dos Dardanelos, onde decorreu uma das mais importantes batalhas da I Guerra Mundial. Não se tratou de um confronto de um dia, mas de uma campanha que se arrastou por vários meses. Teve o seu início a 17 de fevereiro de 1915 e terminou a 9 de janeiro do ano seguinte, com a evacuação das tropas aliadas.
Nos seus traços essenciais, tratou-se de uma invasão levada a cabo pelos britânicos e franceses com o objetivo de avançar sobre Istambul, a capital do Império Otomano, abrir o Estreito dos Dardanelos e estabelecer um canal seguro de apoio ao Império Russo. Perante a resistência turca aos primeiros desembarques, os aliados aumentaram gradualmente o número de tropas até atingir perto de meio milhão de soldados, contra cerca de 300 mil efetivos turcos. O número final de baixas foi muito elevado, saldando-se em cerca de 300 mil mortos, doentes e prisioneiros aliados e um número ligeiramente inferior do lado dos defensores.
- Por que motivo foi decidida a invasão?
Neutralizar o Império Otomano tornou-se um objetivo estratégico dos Aliados nos finais de 1914, após o impasse que se verificou na Frente Ocidental. Depois de os otomanos se terem juntado à Alemanha e à Áustria-Hungria no conflito, e após o fracasso das pressões franco-britânicas para fazê-los mudar de campo, era expectável uma ofensiva aliada no flanco sueste do Mediterrâneo. Pensavam os estrategas aliados que um ataque direto ao Império Otomano suscitaria o apoio imediato de gregos e búlgaros e estavam igualmente convencidos de que os otomanos seriam um inimigo fácil de vencer, devido à crença geral de que o seu exército era fraco e obsoleto. Foram, portanto, utilizadas sobretudo tropas do império britânico, nomeadamente neozelandeses, australianos, indianos e irlandeses. Porém, ao contrário destes cálculos otimistas, o exército turco resistiu e conteve todas as ofensivas dos aliados, que se viram bloqueados na estreita península e nunca conseguiram avançar para norte. Perante este impasse, foi decidida a retirada, que ficou completa a 9 de janeiro de 1916.
- E quais foram as consequências da campanha?
Os historiadores consideram que os estrategas aliados subestimaram a capacidade de resistência turca, minimizaram as dificuldades do terreno e, de um modo geral, planearam e conduziram de forma deficiente toda a campanha. Foram igualmente apontadas graves deficiências logísticas e um excesso de confiança. Em Londres, o fracasso da campanha levou a várias demissões nos comandos militares, nomeadamente de Winston Churchill, então Primeiro Lorde do Almirantado. No palco de operações, a ofensiva contra o Império Otomano foi transferida para outros cenários, como a Palestina ou a Península Arábica. O fracasso de Gallipoli teve ainda efeitos ao nível da estratégia militar, gerando a convicção de que as operações anfíbias eram uma manobra demasiado arriscada, algo que só se desfez após o desembarque na Normandia, em 1944. Na Turquia, Gallipoli adquiriu um significado especial como exemplo da tenacidade dos soldados em defesa da sua pátria, mau-grado o facto de ter sido a única vitória relevante do Império Otomano em toda a I Guerra Mundial.
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Ficha Técnica
- Título: Os Dias da História - Fim da batalha de Gallipoli, na Turquia
- Tipologia: Programa
- Autoria: Paulo Sousa Pinto
- Produção: Antena 2
- Ano: 2018