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O Romantismo

O Romantismo

No final do século XVIII e princípio do século XIX afirmou-se um novo movimento artístico e cultural: o romantismo. Reagiu contra a razão e o classicismo. Valorizou a emoção, o indivíduo, a subjetividade e a espontaneidade. Exaltou a liberdade de expressão, dos sentimentos e a apologia dos movimentos nacionais. Refletiu-se nas artes, na literatura, na música e em outras várias manifestações culturais.

O Romantismo surgiu no contexto revolucionário europeu em que as ideias de liberdade e de igualdade foram abraçadas por muitos artistas e intelectuais, nos finais do século XVIII e princípio do século XIX. Este movimento condenava toda a limitação à liberdade, opondo-se claramente ao absolutismo e à sociedade tradicional. Valorizou a emoção, o indivíduo e a liberdade criativa nas artes, na literatura e em todos os campos da vida cultural. Esta liberdade levou ao individualismo que se libertou das convenções.

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O romantismo teve uma grande associação aos sentimentos de consciência nacional, fundamental no despertar das nacionalidades, bem presentes nas unificações italiana e alemã. Os românticos buscaram inspiração na tradição e na cultura popular e viram na Idade Média o momento de formação das entidades nacionais, fazendo renascer as lendas, os mitos, os heróis, glorificando o povo. Neste contexto, a história, a língua, os costumes e a glorificação das raízes nacionais inspiraram os ideais românticos. Os nacionalismos acabaram por constituir a força motriz que impulsionou a arte e a literatura.

O gosto pelo povo e pelos seus costumes renegava os princípios do Antigo Regime, ligados às elites aristocráticas e religiosas. O povo simbolizava a força da Nação e da liberdade que tão bem a Revolução Francesa representava.

A cultura nacional serviu para construir a identidade nacional, própria de cada povo, que legitimava a sua independência e se deveria constituir como um Estado-Nação, com uma política autónoma, livre do domínio de outros povos com culturas diferenciadas. Com naturalidade houve um grande movimento nacionalista que se manifestou na chamada «primavera dos povos» em 1848, onde uma série de nacionalidades se manifestaram contra o poder político que os geria. Foi o caso dos eslavos no império austríaco.

O espírito romântico opôs-se ao iluminismo e aos seus ideias de racionalismo e espírito critico. À razão os românticos contrapunham a emoção, à objetividade científica contrapunha-se a subjetividade individual e à observação real dos factos a imaginação. Exaltava-se a liberdade, as sensações, os sentimentos e as paixões, ao mesmo tempo que se devia ter um compromisso firmado com a liberdade dos povos submetidos a poderes opressivos.

Esta exaltação da liberdade encontrou eco na arte onde o artista fazia eco dos seus sentimentos e ideais de uma forma livre e intensa, onde a figura do herói revolucionário e defensor da liberdade se afirmou, cheio de emoções e convicções e com uma forte ligação à vida.

Na pintura, o romantismo afastou-se do neoclassicismo. Os pintores realçaram a expressão dos sentimentos, do misticismo e valorizaram o individualismo. Entre os pintores destacaram-se: David Friederich; William Tuner ou Eugéne Delacroix. Realce para o quadro deste último pintor, Massacre de Chios, de 1824. Delacroix retrata a luta dos gregos para se libertarem do Império Otomano e que foram massacrados na ilha de Chios em 1822. O quadro está cheio de dramatismo e de tensão onde os gregos, simbolizando as aspirações do nacionalismo grego, são esmagados pelo poder otomano.

Na literatura são valorizados os sentimentos, as paixões e as revoltas, dando grande dimensão ao interior não só das personagens como do próprio autor que idealizava os protagonistas das obras, essencialmente poesia e romances. O novo contexto europeu oitocentista, onde a imprensa se difundiu em grande escala, beneficiou os autores românticos na divulgação das suas obras. Não raramente, muitos escritores faziam folhetins nos jornais que tinham grande sucesso.

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A literatura efetivamente assentou na emoção, nas experiências nacionais, em situações concretas da vida, concretizando o surgimento de novos estilos literários como o romance histórico. Na Alemanha, destaca-se Goethe; na Inglaterra, Byron, como poeta, ou Walter Scott no romance histórico; na França, os incontornáveis Alexandre Dumas ou Victor Hugo; em Portugal, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco ou Almeida Garrett.

Finalmente, na música o romantismo inspirou temas ligados ao nacionalismo, ao individualismo associando-se à liberdade criativa. O piano assumiu-se como um dos instrumentos de eleição de grandes criadores como Beethoven, Schubert ou Chopin. No entanto, também surgiram novos géneros musicais, como a sinfonia e a ópera. Neste último género destacaram-se Wagner e Verdi, onde fizeram eco das suas convicções nacionalistas.

Síntese:

  • O Romantismo foi um movimento artístico e cultural que se afirmou no século XIX.
  • Este movimento valoriza o individuo, a subjetividade, a liberdade de expressão e deu um grande impulso aos movimentos nacionais.
  • O Romantismo manifestou-se em vários setores: literatura; música e em outros movimentos artísticos.

Temas

Ficha Técnica

  • Área Pedagógica: O romantismo, expressão da ideologia liberal: revalorização das raízes históricas das nacionalidades; exaltação da liberdade; a explosão do sentimento nas artes plásticas, na literatura e na música.
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Associação dos Professores de História/Nuno Pousinho
  • Ano: 2021
  • Imagem: O Massacre de Quios, Eugène Delacroix