Deus Cérebro
Cartografar o cérebro: missão (im)possível?
Deram-se passos de gigante na exploração do cérebro humano, mas a dimensão do que está para lá do nosso conhecimento permanece um enigma. À medida que se avança na mais impenetrável fortaleza humana, maior é a perceção de que há um vasto universo por descobrir.
Vivemos provavelmente a corrida mais frenética e urgente da história da humanidade. União Europeia, Estados Unidos da América, China e vários outros países têm, ao longo do século XXI, unido esforços para fazer face a uma das mais complexas missões com que a ciência alguma vez se defrontou: descodificar o cérebro humano. A sua constituição há muito é sabida, mas só o avanço tecnológico está a permitir visualizar o seu funcionamento. É todo um admirável mundo novo ainda a desvendar.
A imagiologia tem um peso fundamental. É hoje possível visualizar pensamentos. Um salto como o que permitiu, com o telescópio, ver o movimento dos corpos celestes. A optogenética (com base no uso da luz), por seu lado, possibilita a manipulação de moléculas das células. Avanços que contrastam com zonas ainda tão escuras como o simples facto de não sabermos como se armazena a memória ou onde podemos ir buscá-la quando se perde.
Sente-se a urgência desse conhecimento, até porque as doenças que advêm do funcionamento daquele que é o mais complexo órgão humano são o grande desafio médico-científico das próximas décadas. As funções cerebrais por si mesmas e as suas relações com o resto do corpo. O mapeamento cerebral atingiu um nível de complexidade tal, como se superasse o próprio entendimento humano. Sabe-se imenso, a tecnologia atingiu uma época áurea, mas faltam peças centrais neste puzzle da vida.