Investigar o parasita da malária para vencer a doença
Chama-se "plasmodium" o parasita da malária, que mata cerca de um milhão de pessoas em cada ano. Transmitido ao homem através dos mosquitos anopheles, instala-se no fígado e infeta as células humanas. Um processo complexo estudado num laboratório português
Estamos no Instituto de Medicina Molecular, no laboratório da cientista Maria Manuela Mota, uma referência mundial na investigação da malária, com um vasto currículo em distinções, ao qual se juntou em 2013 o Prémio Pessoa pela “produtividade científica de excecional qualidade”.
O trabalho desenvolvido levou a equipa por si liderada a várias descobertas sobre o processo de infeção causado pelo parasita plasmodium e sobre os mecanismos pelos quais se desenvolve no hospedeiro humano. Cada uma destas descobertas abriu caminho para desenvolver fármacos mais eficazes. A finalidade é encontrar uma vacina e erradicar a doença que, todos os anos, mata um milhão de crianças e provoca cerca de 300 milhões de novas infeções, principalmente no Sudeste asiático e na África subsariana. A malária já esteve em Portugal mas foi erradicada em 1973.
A tarefa dos investigadores é complexa. O plasmodium tem apenas uma célula mas quando entra na corrente sanguínea e se aloja no fígado, multiplica-se milhares de vezes e sofre mutações. Os investigadores tentam perceber o que se passa nesta fase crucial, como é que o parasita consegue obter os nutrientes e a energia necessários para crescer e espalhar-se no corpo humano, muitas vezes de forma letal. Apesar de existir um medicamento eficaz, os cientistas receiam que ele desenvolva resistências e o processo tenha de recomeçar do zero.
A batalha contra a doença não está ainda ganha mas, no laboratório de Maria Manuela Mota, ninguém desanima: o entusiasmo de fazer ciência mantém-se como no primeiro dia.