Manuscritos medievais portugueses na Memória do Mundo
São dois os manuscritos classificados património documental da Humanidade. Para a UNESCO, o "Apocalipse do Lorvão" e o "Comentário ao Apocalipse do Beato de Liébana" são "os mais bonitos e originais produzidos pela civilização medieval ocidental".
Em 786, nas Astúrias, um monge de nome Beatus de Liébana decidiu que era chegada a altura de fazer uma interpretação do último livro do Novo Testamento para ajudar os cristãos a entenderem a simbologia das profecias bíblicas.
Quatrocentos anos depois, já no século XII, o texto intitulado “Comentário ao Apocalipse” foi copiado no Mosteiro do Lorvão, em Penacova pelo monge Egas, com 66 iluminuras ricas em amarelos e vermelhos a retratarem não apenas episódios bíblicos, como também cenas do quotidiano daquele tempo. A cópia, conhecida como “Apocalipse de Lorvão”, foi encontrada em 1853 pelo historiador e escritor Alexandre Herculano, que de imediato percebeu tratar-se de um documento valioso e o levou para a Torre do Tombo, onde ainda hoje se encontra guardado.
Perdido o original do século VIII, a cópia da autoria do monge Egas voltou a ser copiada, desta vez no Mosteiro de Alcobaça. Com o desaparecimento das ordens monásticas, o novo documento foi então confiado à Biblioteca Nacional.
Estes livros, que juntamente com outros códices espanhóis, compõem os “Manuscritos do Comentário do Apocalipse (Beatus de Liébana) na Tradição Ibérica”, mereceram uma candidatura conjunta de Portugal e Espanha ao Programa Memória do Mundo, criado em 1992 pela UNESCO para sensibilizar o público sobre a necessidade de preservar o património documental. Em Outubro de 2015, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura reconheceu a importância dos manuscritos para a Humanidade.
Ficha Técnica
- Título: Apocalipse de Lorvão
- Tipologia: Reportagem
- Autoria: Carolina Ferreira e Paulo José Oliveira
- Produção: RTP
- Ano: 2015