A fuga de Napoleão da ilha de Elba
No dia 26 de fevereiro de 1815, aproveitando a ausência dos navios britânicos e franceses que deveriam vigiar os seus movimentos, Napoleão Bonaparte tomou um barco com os homens que lhe eram fiéis e escapou da ilha de Elba, ao largo da costa italiana, e rumou em direção à costa francesa.
Terminou assim um exílio nessa ilha que durou quase dez meses, e ao qual tinha sido obrigado a aceitar depois da sua derrota e abdicação do poder, em março de 1814.
Napoleão aguardou pacientemente o melhor momento para fugir e regressar a França, quando se cumpriram duas condições: em primeiro lugar, as potências inimigas, como a Grã-Bretanha, a Áustria e a Prússia, estavam ocupadas em negociações diplomáticas no Congresso de Viena, que então estava a decorrer; depois, Napoleão pressentiu que a restauração da monarquia em França e o regresso dos soldados franceses a casa criavam um ambiente de grande insatisfação social que seria propício ao seu regresso. E não se enganou.
Desembarcou em França dias depois e iniciou uma marcha triunfal em direção a Paris, onde foi aclamado pela população.
- Quais foram as condições do exílio de Napoleão?
Ao contrário do que se poderia esperar depois da derrota total do seu exército e da sua rendição, os termos do acordo de paz imposto pelas potências vencedoras à França eram relativamente suaves.
Napoleão foi forçado a abdicar do poder e proibido de regressar a França, mas manteve o seu título de imperador e a ilha de Elba foi-lhe entregue como domínio independente e soberano. A imperatriz Maria Luísa manteve igualmente o seu título e foram-lhe concedidos diversos ducados.
Além disso, Napoleão foi autorizado a manter uma guarda pessoal de várias centenas de soldados. A monarquia francesa foi restaurada e o trono entregue a Luís XVIII, da casa de Bourbon e descendente direto de Luís XV. Eram estes os termos do Tratado de Fontainebleau, impostos pelos vencedores e que Napoleão assinou.
Aparentemente, só a Grã-Bretanha considerou o tratado demasiado suave e perigoso para a segurança da Europa, uma vez que a proximidade entre a ilha de Elba e a França e as condições do exílio de Napoleão eram fatores de risco para o deflagrar de um novo conflito.
- Que aconteceu a Napoleão depois da fuga?
No seu caminho de regresso a Paris, e com poucas exceções, Napoleão foi bem acolhido pelas populações e as forças fiéis ao rei que foram enviadas para o intercetar passaram-se invariavelmente para o seu lado.
A 20 de março de 1815, Napoleão era recebido em triunfo na capital, pouco depois da fuga do rei Luís XVIII. Teve assim início o chamado “período dos 100 Dias”, que assinalou o seu regresso final ao poder.
Napoleão emitiu imediatamente um perdão geral a todas as forças que tinham apoiado a restauração da monarquia e suspendeu todas as suas instituições. De seguida, iniciou a mobilização geral para preparar a inevitável guerra que se anunciava.
As potências europeias estavam reunidas no Congresso de Viena e formaram imediatamente uma nova aliança para retomar o conflito, que teve início em junho. Foi uma campanha militar que decorreu na atual Bélgica e que teve o seu desfecho com a derrota francesa na célebre batalha de Waterloo, a 18 de junho de 1815. Napoleão rendeu-se a 15 de julho e foi definitivamente exilado para a ilha de Santa Helena, no Atlântico sul, onde morreu em 1821.
Ficha Técnica
- Título: Os Dias da História - Fuga de Napoleão da ilha de Elba
- Tipologia: Programa
- Autoria: Paulo Sousa Pinto
- Produção: Antena 2
- Ano: 2018
- O regresso de Napoleão: Charles de Steuben