A queda do presidente Fulgencio Batista

Na festa de passagem de ano de 1959, o presidente ditador de Cuba, Fulgencio Batista, anunciou aos seus ministros que iria deixar imediatamente o país. Nessa mesma noite, tomou um avião que o transportou para a República Dominicana, acompanhado pela família e pelos colaboradores mais próximos.

Levou consigo a sua fortuna pessoal, avaliada em cerca de 300 milhões de dólares. A fuga precipitada de Batista foi causada pela derrota sofrida pelo seu exército às mãos dos movimentos rebeldes.

A cidade de Santa Clara, no centro de Cuba, tinha caído na véspera, o que significava que o avanço dos rebeldes para Havana, a capital, era imparável. Ao longo dessa noite, e à medida que se espalhavam as notícias, a população de Havana festejou efusivamente nas ruas o colapso do regime e a fuga do ditador.

As forças rebeldes, lideradas por Fidel Castro, entraram na cidade pouco depois. Fulgencio Batista acabou por se exilar em Portugal, onde viveu tranquilamente no Funchal e no Estoril, e morreu em 1973, em Marbella.

 

  • Quais foram as causas da queda do regime?

Fulgencio Batista ascendeu na vida política cubana graças à sua posição militar, tendo sido eleito presidente em 1940. Regressou ao poder doze anos depois, desta vez através de um golpe de estado.

O seu governo foi marcado pela corrupção generalizada e pelo alinhamento com os interesses dos grandes proprietários das plantações de cana-de-açúcar, que eram sobretudo norte-americanos. A sua retórica anti-comunista e a sua abertura às companhias americanas tornaram-no num aliado dócil dos EUA, que lhe prestaram apoio financeiro e militar.

Como era de esperar, o agravamento das desigualdades sociais e a feroz repressão do regime sobre qualquer protesto ou dissidência alimentaram o surgimento de movimentos rebeldes, o mais importante dos quais foi o chamado Movimento 26 de Julho, liderado por Fidel Castro.

Inicialmente desorganizados e apenas ativos no sul do país, os guerrilheiros acabaram por sair vitoriosos nos confrontos militares com o regime, o último dos quais ocorreu precisamente no último dia de 1958, e que precipitou a fuga do presidente.

 

  • Que aconteceu depois?

Com a fuga de Batista, o regime caiu de imediato e os rebeldes entraram na capital sem qualquer resistência. Um novo regime revolucionário, liderado por Fidel Castro, iniciou então um vasto programa de reformas económicas, socias e políticas.

Inicialmente, a receção norte-americana foi amena e o próprio Fidel visitou os EUA pouco depois da vitória. O derrube de um regime corrupto e repressivo como o de Fulgencio Batista suscitava naturalmente interesse e simpatia. No entanto, as relações deterioraram-se rapidamente com a multiplicação dos sinais de hostilidade, de ambos os lados: os americanos encaravam a revolução cubana como um avanço do comunismo internacional e um perigo para a sua segurança e Cuba considerava os Estados Unidos o grande responsável pela pobreza e subdesenvolvimento do país e da América Latina.

As duas nações viveram num estado de permanente tensão durante meio século, até surgirem os primeiros sinais de desanuviamento e de normalização gradual das relações diplomáticas, em 2014.

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Ficha Técnica

  • Título: Os Dias da História - queda do presidente Fulgencio Batista, em Cuba
  • Tipologia: Programa
  • Autoria: Paulo Sousa Pinto
  • Produção: Antena 2
  • Ano: 2017
  • Forografia: Fulgêncio Batista no EUA.