Aquilino Ribeiro, o escritor das Terras do Demo
Aquilino Ribeiro é um dos mais prolíficos autores portugueses, fazendo jus à auto denominação de "obreiro das letras". De uma infância um pouco mais que travessa, guarda a arrebatação por aquilo em que acredita, reduzindo-a continuadamente à forma escrita.
A vasta produção de Aquilino Ribeiro (1885-1963) vai do romance ao conto, à novela, aos estudos etnográfico e histórico e também perpassa a biografia, a literatura infantil e o jornalismo polemizado.
Ocupa um lugar único na literatura portuguesa, ao longo de mais de seis dezenas de volumes, de que o mais destacado elemento, ao nível estilístico, é a tendência para o emprego de um vasto leque de vocábulos regionais que, quando associados à erudição e espalhados coloquialmente pelos diferentes tipos de discurso, aumentam a dificuldade de perceção da leitura, mas polvilham os romances e narrativas curtas de um tom castiço muito sugestivo. Tal é a densidade do uso de vocabulário regional que o Centro de Estudos Aquilinianos editou, em 1988, um “Glossário Aquiliniano”.
Alheio à contemporaneidade dos movimentos literários – modernismo e, depois, presencismo e neorrealismo -, a obra que produz é rececionada de dupla forma. A primeira, como o reflexo de um Portugal antigo, de tradição profunda, onde a ação do homem se interliga e depende bastas vezes da natureza, dos instintos mais ancestrais, de uma crendice ou superstição estreitamente ligadas a uma máscara religiosa e que o transporta para um tempo anterior ao seu natural desencaixe face à civilização, um tempo em que o homem faz parte do cosmos de modo integrado. A segunda, que antagoniza a anterior, aponta-lhe falta de espontaneidade, um peso barroco na expressão linguística e, por contemporaneidade e oposição imediata, falta de modernidade na insistência do uso de moldes literários tradicionais.
Destacam-se, de entre tantos títulos, “Jardim das Tormentas” (1913), “Terras do Demo” (1919), “O Malhadinhas” (1922), “Andam Faunos Pelos Bosques” (1926), “O Romance da Raposa” (1929), “Cinco Réis de Gente” (1948), “A Casa Grande de Romarigães” (1957) e “Quando os Lobos Uivam” (1959).
“Mais não pude”, quis Aquilino que fosse o seu epitáfio, depois de ter adotado como mote, ao longo da vida, “alcança quem não cansa”.
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Ficha Técnica
- Título: Nome de Rua - Aquilino Ribeiro
- Tipologia: Extrato de Programa
- Autoria: Nunes Forte
- Produção: Videofono
- Ano: 1990