Jaime Cortesão, intelectual e homem de ação

Formou-se em medicina, mas ficaria mais conhecido pela suas facetas de historiador e escritor. Republicano convicto, participou em tentativas de golpe de estado, esteve preso e exilado. Foi, igualmente, um dos apoiantes de Humberto Delgado nas eleições de 1958.

As convicções políticas de  Jaime Zuzarte Cortesão (1884-1960) revelam-se enquanto estudante, quando participa na greve académica de 1907, que pretendia uma renovação do ensino universitário. No período da I República foi eleito deputado e defendeu a intervenção portuguesa na I Guerra Mundial. Quando esta é declarada alista-se como voluntário e vai para a frente de combate europeia, onde intervém como capitão médico e é atingido por gases. Fica cego e é repatriado, não mais regressando à linha da frente.

Nos anos 20 foi nomeado director da Biblioteca Nacional e torna-se um dos elementos mais conhecidos do grupo da Seara Nova, assistindo de forma crítica à emergência dos fascismos na Europa e também em Portugal. Participa no golpe falhado de derrube da ditadura militar, em 1927, sendo obrigado a exilar-se, primeiro em Espanha e depois em França, onde passa a residir quando Franco e os nacionalistas ocupam Barcelona.

Após a ocupação alemã regressa a Portugal e é preso na fronteira pela PVDE. Libertado, exilou-se no Brasil, onde desenvolveu intensa actividade académica e intelectual, ficando reconhecida a qualidade da sua historiografia. Mais tarde, em 1957, regressou a Portugal, juntando-se a António Sérgio – outro intelectual opositor do regime – e participa como membro da Comissão de Honra na campanha para a eleição do general Humberto Delgado. Volta a ser preso, mas é libertado rapidamente por pressão das autoridades brasileiras.

A série documental “À porta da História”  traz para o domínio do grande público 13 portugueses que se destacaram no seu tempo e, através das suas ações ou da sua obra e conquistaram um lugar na galeria de notáveis. São personalidades com percursos inesperados e cheios de curiosidade que, por acasos do destino, deslizaram para uma zona obscura do mediatismo histórico.

Foram notáveis. Fizeram obra. Muitos deixaram seguidores e influenciaram as gerações seguintes, mas são pouco recordados nas efemérides, nas comemorações, nos manuais escolares ou nas páginas de jornais.

Lisboa, Novembro de 1755
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Lisboa, Novembro de 1755

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Ficha Técnica

  • Título: À porta da História - Jaime Cortesão
  • Tipologia: Programa
  • Autoria: Jorge Nunes/ Jorge Paixão cda Costa/ Pandora da Cunha Teles
  • Produção: Ukbar Filmes/RTP
  • Ano: 2015