Morte de Pu Yi, o último imperador da China
Pu Yi morreu em Pequim, com 61 anos de idade, vitimado por complicações cardíacas resultantes de cancro renal, a 17 de outubro de 1967. Nos últimos anos de vida, trabalhou como jardineiro no Jardim Botânico de Pequim e, posteriormente, como bibliotecário na Biblioteca Nacional da mesma cidade.
A sua biografia suscitou um grande interesse por outro motivo: Pu Yi foi o último imperador da China, tendo subido ao trono em 1908, com apenas 2 anos de idade, numa altura em que a monarquia estava em plena desagregação e vivia os últimos dias de uma história milenar.
A vida de Pu Yi acompanhou, portanto, as convulsões políticas e sociais que atravessaram a China do século XX, desde os anos finais do império, a implantação da República, a ocupação japonesa e a instauração da República Popular por Mao Zedong.
O seu estatuto nunca lhe permitiu o anonimato, pelo que Pu Yi acabou por desempenhar, de forma voluntária ou involuntária, um papel em cada um destes momentos. O mais importante teve lugar entre 1932 e 1945, quando foi líder do estado-fantoche de Manchukuo.
- O que era o estado de Manchukuo?
“Man-zhou-guó”, ou “país da Manchúria”, mais conhecido como “Manchukuo”, designa um estado-fantoche criado pelo Japão na Manchúria, a região localizada no nordeste da China, a norte da Coreia.
As tropas japonesas invadiram a Manchúria em 1931, no seguimento do plano expansionista nipónico por todo o Extremo Oriente.
Pu Yi, que tinha sido expulso de Pequim após a proclamação da República e que vivia numa espécie de exílio interno, foi aliciado pelos japoneses para se deslocar à Manchúria, onde acabou por aceitar a chefia do novo estado.
Apesar de se tratar, teoricamente, da restauração do seu trono, a sua autoridade era mínima e estava completamente submetida aos militares japoneses, que o utilizaram como mera figura simbólica.
Em 1945, após a derrota do Japão na II Guerra Mundial, Pu Yi foi capturado pelos soviéticos e, mais tarde, foi entregue às autoridades chinesas como prisioneiro de guerra.
- Que lhe aconteceu depois?
Pu Yi era um trunfo importante na campanha de propaganda que Mao Zedong levou a cabo após a proclamação da República Popular da China, em 1949. Ao contrário dos comunistas soviéticos, que tinham mandado fuzilar o Czar, Mao estava convencido de que o símbolo vivo da velha China podia ser convertido ao socialismo.
Pu Yi foi, portanto, submetido a um programa de reeducação, ao longo do qual aprendeu as tarefas básicas de uma vida simples e aprendeu um ofício.
Mais tarde foi autorizado a trabalhar em Pequim, a casar e a escrever a sua autobiografia. Os últimos anos foram, porém, marcados por alguma instabilidade, devido ao deflagrar da chamada “Revolução Cultural” que o tornou num alvo dos guardas vermelhos.
A sua vida suscitou interesse e mereceu vários estudos biográficos, mas só ficou conhecida em todo o mundo após o sucesso do filme “O Último Imperador”, realizado por Bernardo Bertolucci em 1987 e que recebeu nove óscares da Academia.
Ficha Técnica
- Título: Os Dias da História - Morte de Pu Yi, o último imperador da China
- Tipologia: Programa
- Autoria: Paulo Sousa Pinto
- Produção: Antena 2
- Ano: 2017
- Fotografia: Pu Yi, último imperador da china no centro da imagem