Pólen, o “rapaz” das plantas
Fez o primeiro rádio tinha uns 10 anos e, aos 15, já ganhava dinheiro a arranjar os aparelhos da vizinhança. Mas a primeira vez que viu um tubo polínico a germinar foi marcante: José Feijó pôs as máquinas de lado e mergulhou na orgânica das plantas.
Para José Feijó, investigador em Biologia Vegetal e Celular no Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), o seu trabalho pode ser transposto para palavras simples sem que ele perca o fio à complexidade do que estuda: “como é que rapaz e rapariga falam para fazer sementes”. Continua com os paralelismos quando chama “rapaz das plantas” ao pólen e declara o seu fascínio ao ver um tubo polínico germinar pela primeira vez: em apenas meia hora, quanta actividade, desenvolvimento, comunicação com os tecidos femininos, vida, em suma.
Foi responsável pela instalação no IGC de um laboratório de micro-sondas vibráteis único no mundo. Não se separa do computador pessoal, onde todo o seu trabalho se mantém ao alcance fácil, e com o qual pode trocar impressões com qualquer colega em qualquer ponto do mundo ou com os seus alunos.
O desafio de José Feijó continua a ser descortinar por completo “como é que um conjunto de moléculas dentro de uma bolinha de gordura interagem umas com as outras para fazer o metabolismo, a divisão… a vida.” As respostas são múltiplas, crê, mas ele continua a querer sabê-las todas.