Revolta no navio Bounty
Na madrugada do dia 28 de abril de 1789, um grupo de marinheiros do navio britânico Bounty, que então se encontrava em pleno Oceano Pacífico a caminho da Europa, apoderou-se das armas a bordo e amotinou-se. O seu líder era Fletcher Christian, imediato do Bounty, que aprisionou o capitão William Bligh e tomou o comando do navio.
A revolta fez-se sem derramamento de sangue, apesar da enorme confusão que se gerou. Parte da tripulação aderiu ao motim, e a restante permaneceu fiel ao capitão Bligh e foi largada num bote, com mantimentos para 5 dias.
Aparentemente, os amotinados sobreavaliaram a disposição da tripulação para aderir à revolta e esperavam que apenas 2 ou 3 homens mais próximos de Bligh o seguissem, mas mais de vinte acabaram por fazê-lo.
Todos sabiam que os regulamentos da marinha de guerra britânica eram severos com os casos de motim e que nunca poderiam regressar a Inglaterra, se aderissem à revolta, além de que seriam perseguidos como criminosos.
- Quais foram os motivos da revolta?
O Bounty tinha sido adquirido pela marinha britânica para realizar uma missão botânica, a de adquirir e transportar um número considerável de pés fruta-pão no Taiti, na atual Polinésia Francesa, e de transportá-los para as possessões britânicas na América.
O navio partiu de Inglaterra a 23 de dezembro de 1787 e a viagem decorreu sem problemas, mas a longa estadia de 5 meses na ilha de Taiti fez declinar a disciplina da tripulação e criou grandes tensões entre o capitão Bligh e Christian, cujas relações tinham sido de confiança e de amizade até essa altura.
Houve negligência nos trabalhos e deserções, o que obrigou o capitão a aplicar castigos severos e humilhantes aos seus homens, em particular a Christian.
A 5 de abril de 1789, o navio largou da ilha de volta a Inglaterra. O regresso à dura vida no mar foi mal recebida pela tripulação, exasperada com a crescente dureza e injustiça dos castigos infligidos pelo capitão, mas parece seguro assumir que nenhuma revolta teria ocorrido se não tivesse sido conduzida e instigada por Fletcher Christian.
- Que desfecho teve?
Os revoltosos regressaram ao Taiti e acabaram por se separar em dois grupos; um primeiro ficou na ilha e foi mais tarde aprisionado por um navio britânico, levado para Inglaterra e julgado; 3 homens vieram a ser condenados à morte, mas os restantes foram absolvidos ou perdoados.
Um segundo grupo, onde se incluiu Christian, fugiu com um conjunto de homens e mulheres do Taiti para a ilha remota de Pitcairn, onde deixou descendência que perdura até aos nossos dias. Quanto a Bligh e aos homens que se mantiveram fiéis, prosseguiram uma penosa jornada para oeste, até alcançarem Kupang, que era então o centro da presença holandesa em Timor.
A 14 de março de 1790, Bligh estava de regresso a Londres e pôde relatar os eventos da sua odisseia às autoridades. O caso da revolta no Bounty foi tema de contos e romances e foi, mais tarde, adaptado ao cinema por várias vezes, adquirindo enorme popularidade e tornando-se, assim, o motim mais famoso da História.
Ficha Técnica
- Título: Os Dias da História - Revolta no navio Bounty
- Tipologia: Programa
- Autoria: Paulo Sousa Pinto
- Produção: Antena 2
- Ano: 2017
- O comandante e outros tripualntes deixam o Bounty: Robert Dodd (1790)