Paisagens vivas de Silva Porto

A Natureza é a maior fonte de inspiração deste pintor de paisagens vivas, cujos quadros cedo causam sensação. Silva Porto compõe imagens do mundo rural, com uma luz e cor quase fotográficas. Ramalho Ortigão chamou-lhe "o Garrett da pintura portuguesa"

Estudou muito para ser o grande pintor que foi, reconhecido e aclamado “Divino Mestre” pelos companheiros, os melhores valores da nova geração da segunda metade do século XIX que, com ele na liderança, fundaram o Grupo do Leão, uma tertúlia de artistas e intelectuais  imortalizada no célebre quadro de Columbano Bordalo Pinheiro. O Grupo, que mais tarde deu lugar ao Grémio Artístico, mobilizava-se para divulgar a pintura do Naturalismo em Portugal. Várias exposições foram então organizadas, na primeira, em 1881, Silva Porto apresenta-se com mais de 20 óleos inspirados na natureza.

De personalidade reservada, este pintor nascido no Porto em 1850, aventura-se na sua formação. Depois de completar o curso na Academia Portuense de Belas-Artes, é bolseiro em Paris, estuda com os consagrados Yvon, Cabanel, Beauverie e Groseillez. Neste período conhece a Escola de Brabizon de Pintura ao Ar Livre onde, sob a orientação do mestre Daubigny, experimenta a pintura de paisagens no local, influência que ficará para sempre. Os trabalhos que produz são expostos no “Salon” e na Exposição Universal com aplausos da crítica. Completa a aprendizagem artística em Itália, onde pintou típicas figuras femininas como “Fiandeira Napolitana”. A seguir, viaja pela Europa para conhecer de perto as obras de grandes paisagistas.

Quando regressa a Portugal, com menos de 30 anos, Silva Porto já não é um desconhecido. Os quadros de grande riqueza cromática que fora enviando para a pátria, tinham sido recebidos com entusiasmo. É então convidado para reger a cadeira de Pintura de Paisagem na Academia de Belas-Artes de Lisboa. Porém, a consagração do jovem artista será inquestionável no dia em que o rei D.Fernando lhe compra o quadro “A Charneca de Belas” por 300$oo reis. Foi na Exposição da Sociedade Promotora de Belas-Artes, uma das muitas em que participa com medalhas de ouro e prata e valorosas distinções.

A pintura de Silva Porto (1850-1893) é muito portuguesa, exaltante das terras e dos costumes, em cores generosas e luminosas. “A condução do rebanho”, “A salmeja”, “Seara”, “Ceifeiras”, são apenas alguns títulos de uma extensa lista, acervo de vários museus nacionais. O pintor, que escolheu ter o nome da sua terra natal no apelido, foi o pintor de todo um país.

Temas

Ficha Técnica

  • Título: Grandes Quadros Portugueses
  • Tipologia: Extrato de Programa
  • Produção: Companhia de Ideias
  • Ano: 2012