Stuart Carvalhais, precursor na Banda Desenhada

As pequenas pranchas dos dois miúdos traquinas surgem pela primeira vez n´O Século Cómico, em janeiro de 1915.  No início Quim e Manecas podem parecer um pouco infantis mas depressa o traço satírico e o humor de Stuart Carvalhais imprimem outra dinâmica aos desenhos. A dupla que se faz acompanhar do cão Piloto e da tia Liocádia, absorve e traduz os tempos agitados que se vivem no país, com as lutas entre monárquicos e republicanos; e no mundo, que inaugurava o século XX com uma primeira grande guerra.

A série ganha importância, Quim e Manecas são condecorados por Afonso Costa e prolongam as suas aventuras por outros jornais em mais de 500 episódios durante 49 anos seguidos, um recorde que continua só deles.

Na banda desenhada portuguesa têm estatuto de heróis, porque trazem novidade, qualidade gráfica, são expressivos, inventivos, as histórias têm ritmo e um texto cuidado, da autoria do poeta Acácio de Paiva, como sublinha na reportagem João Paulo Paiva Boléo, um dos maiores conhecedores da obra de Stuart Carvalhais, (1887-1961).

Se estas foram as personagens que o tornaram famoso, é preciso não esquecer que o desenhador e caricaturista nascido nas terras do Douro, retratava também figuras do mundo boémio (que o próprio frequentava), fazia capas de discos e livros, cartazes, postais para os CTT e mais umas personagens que marcaram uma época como Cocó, Reineta e Facada. O mesmo Stuart Carvalhais referência da banda desenhada em Portugal, que um dia reprovou a desenho na prova de admissão ao Liceu de Évora. Não foi o suficiente para o fazer desistir.