Wenceslau de Sousa Moraes, a paixão pelo Japão

Wenceslau de Sousa Moraes (1854 - 1929) viveu em Macau, visitou a China, mas apaixonou-se pelo Japão. Trouxe para Portugal o oriente através de artigos e livros que são - ainda hoje - um convite à viagem, à descoberta e ao exótico. Na cidade nipónica de Tokushima, onde residiu, continua a ser reconhecido e lembrado na toponímia e na estatuária.

Nasceu em Lisboa em 1854 e formou-se como oficial de marinha, o que permitiu que visitasse as colónia africanas, a Índia e por fim Macau, onde casou a primeira vez e desempenhou funções consulares. Viria, no entanto a apaixonar-se pelo Japão, país para onde se mudou em 1898 passando, no ano seguinte, a desempenhar funções consulares em Kobe e Osaka.

Ali voltou a casar e somou várias obras sobre a cultura nipónica que foram publicadas em Portugal, entre elas “O Culto do Chá”, “Paizagens da China e do Japão” e “Bon-Odori” entre outras. Alguns são verdadeiras obras de arte, contendo imagens desenhadas por artistas japoneses reconhecidos. Estes livros encontram-se também traduzidos em japonês.

Foi um dos mais prolíferos orientalistas do seu tempo, tendo pertencido à Sociedade de Geografia de Lisboa, apesar de nunca ter regressado a Portugal após 1891. Enquanto esteve integrado nos consulados portugueses de Macau e Kobe, fomentou a internacionalização da economia portuguesa através de investimentos no oriente.

Após a morte da esposa japonesa deixa a vida consular e muda-se para Tokushima, com uma sobrinha da mulher com a qual passa viver maritalmente. Quando uma doença leva também ao seu falecimento, Wenceslau de Sousa Moraes isola-se cada vez mais. Morre em 1929 na sequência de uma queda.

A série documental “À porta da História”  traz para o domínio do grande público 13 portugueses que se destacaram no seu tempo e, através das suas ações ou da sua obra e conquistaram um lugar na galeria de notáveis. São personalidades com percursos inesperados e cheios de curiosidade que, por acasos do destino, deslizaram para uma zona obscura do mediatismo histórico.

Foram notáveis. Fizeram obra. Muitos deixaram seguidores e influenciaram as gerações seguintes, mas são pouco recordados nas efemérides, nas comemorações, nos manuais escolares ou nas páginas de jornais.

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Ficha Técnica

  • Título: À Porta da História - Wenceslau de Sousa Moraes
  • Tipologia: Programa
  • Autoria: Jorge Nunes/ Jorge Paixão da Costa/ Pandora da Cunha Teles
  • Produção: RTP/ Ukbar Filmes
  • Ano: 2015