Maria Judite Carvalho é “consciência em movimento”
Nos seus quase trinta anos de carreira literária escreveu sempre sobre a solidão. As personagens de Maria Judite de Carvalho vivem em isolamento, submersas no monólogo interior da alma. Histórias cruas e sombrias da vida quotidiana, que a escritora observava atentamente.
A infância não foi feliz. Obrigada a ficar sem os pais aos três meses de idade, cresceu na casa das tias paternas, numa “atmosfera escura e sombria” como recorda, nesta peça, o marido e também escritor Urbano Tavares Rodrigues. Conheceram-se e apaixonaram-se na Faculdade de Letras de Lisboa, viveram em França e na Bélgica. Ele sabia que ela tinha muito jeito para o desenho, mas desconhecia o verdadeiro talento de Maria Judite. Até que um dia, ela, já com 38 anos, lhe pediu para ler uns contos. Não teve dúvidas de que estava ali um livro e convenceu-a a publicar. “Tanta gente, Mariana”, obra revelação, impõe-se pela contenção e sobriedade da escrita e pela temática da solidão.
Dedicada à literatura e ao jornalismo, principalmente como cronista, Maria Judite de Carvalho (1921-1998), observava para aprender e para poder relatar com exatidão e rigor o que via. Andava de transportes públicos para estar mais perto das personagens e redimensionar nas suas histórias o isolamento humano nas cidades. Publicou romances, novelas crónicas, porém, o conto foi o género literário que mais cultivou nos seus quase 30 anos de carreira enquanto escritora, destacada com vários prémios.
Leitora atenta da sua obra, Paula Mourão diz-nos que os textos da autora de “Seta Despedida” representam a consciência em movimento. E explica porquê.
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Ficha Técnica
- Título: Ler+ ler melhor - Breve Biografia de Maria Judite Carvalho
- Tipologia: Extrato de Magazine Cultural
- Produção: Filbox produções
- Ano: 2011