Sousa Martins, médico e santo… laico
Nascido numa família pobre, José Tomás de Sousa Martins foi médico, cientista e humanista. Tratou cabeças coroadas, ricos e populações sacrificadas pela doença e pela pobreza, a quem nada cobrava e por vezes até ajudava com dinheiro. Depois de morrer o povo transformou-o num santo.
Filho de um carpinteiro e de uma dona de casa, nasceu a 7 de março de 1843, em Alhandra. Aos sete anos ficou órfão de pai, passando a viver, a partir dos 12, com um tio que tinha uma farmácia em Lisboa. Ingressa mais tarde em estudos de farmácia e, em simultâneo, em medicina, cursos que completa com distinção. Cedo integra organizações de farmacologia e de medicina ocupando cargos diversos. Será também convidado para professor na área médica.
Como clínico assistiu a família real e grandes nomes da sociedade de então, mas a sua popularidade cresceu entre os mais pobres, cujos números, nos finais do século XIX, cresceram de forma desmedida nos subúrbios de Lisboa. Por hábito não lhes cobra estas consultas e muitas vezes deixa dinheiro para os medicamentos.
É ainda um dos médicos portugueses mais interessados e preocupados com a evolução da tuberculose em Portugal, sendo responsável pela instalação de sanatórios em vários pontos do país. Mas acaba por ser
vítima desta doença e, sem capacidade para a combater, suicida-se. O povo não o esquece, acreditando que se trata de um milagreiro e de um santo, não numa perspetiva religiosa ou católica, mas naquilo a que se pode chamar um santo laico.
A série documental “À porta da História” traz para o domínio do grande público 13 portugueses que se destacaram no seu tempo e, através das suas ações ou da sua obra e conquistaram um lugar na galeria de notáveis. São personalidades com percursos inesperados e cheios de curiosidade que, por acasos do destino, deslizaram para uma zona obscura do mediatismo histórico.
Foram notáveis. Fizeram obra. Muitos deixaram seguidores e influenciaram as gerações seguintes, mas são pouco recordados nas efemérides, nas comemorações, nos manuais escolares ou nas páginas de jornais.