A revolução industrial expande-se pela Europa
O processo industrial expandiu-se no século XIX. Na Europa destacaram-se França e Alemanha. A França desenvolveu o setor financeiro, a construção e a indústria automóvel. A Alemanha apostou na indústria pesada, no aço, e na indústria química. Na América, os Estados Unidos importaram técnicas inglesas, graças à imigração e ao seu enorme território industrializou-se rapidamente. O Japão, na Ásia, modernizou a sociedade, tentando equilibrar a inovação com a tradição.
O processo de industrialização não foi uniforme em todos os continentes e países. Na Europa os países que mais rapidamente secundaram a Grã-Bretanha foram a França e a Alemanha.
Em França, o arranque industrial foi condicionado pelas convulsões políticas. Não houve uma revolução agrícola, as estruturas agrárias clássicas permaneceram, embora fosse um setor com forte dinamismo produtivo, e o mercado interno também demorou a unificar-se. Nestes dois domínios a França tinha uma enorme diversidade e diferentes dinâmicas internas. Também o desenvolvimento dos transportes foi mais tardio, nomeadamente os canais e as ferrovias.
Desenvolveu o setor financeiro o que permitiu investimentos avultados através da concessão de créditos, nomeadamente na construção, na nascente indústria automóvel, permitindo o aparecimento de marcas como a Renault ou a Peugeot e surgiram novas atividades como o cinema. As cidades desenvolveram-se e Paris transformou-se numa grande metrópole.
Na Alemanha, o processo foi diferente. Só ficou unificado em 1871 e a pulverização do espaço político não beneficiou o desenvolvimento económico. As invasões francesas e o cenário bélico constante na Europa central, nas primeiras décadas do século XIX, não permitiram o arranque industrial. Em 1834 trinta estados alemães construíram uma união aduaneira e económica, o Zollverein. Esta decisão foi importante para combater a concorrência externa, principalmente a inglesa, e agrupar 26 milhões de consumidores o que levou a um forte estímulo para aumentar a produção.
Os alemães contrataram técnicos ingleses e rapidamente assimilaram os avanços de outros países. A industrialização alemã dirigiu-se para o aço e para os caminhos-de-ferro. Os alemães também estabeleceram uma excelente ligação entre o conhecimento científico e a sua aplicação na indústria. O desenvolvimento da química permitiu que a Alemanha tivesse acesso direto a corantes, explosivos, adubos e a produtos sintéticos. Nos anos de 1880 e 1890 a Alemanha era já uma grande potência mundial: exportava capitais, técnicas, produtos e lançou-se na aventura colonial.
No continente europeu outros países também se desenvolveram rapidamente como foram os casos da Bélgica e dos Países Baixos, aliando uma forte produção agrícola à industrialização. Já os países do sul tiveram uma evolução mais lenta devido a convulsões políticas, com a difícil implantação do liberalismo. São os casos de Portugal, Espanha e Itália. No leste europeu a industrialização foi ainda mais lenta. As estruturas políticas e económicas demoraram algum tempo a adaptarem-se às novas realidades.
Fora da Europa destacaram-se os Estados Unidos da América e o Japão. Os Estados Unidos introduziram rapidamente as técnicas inglesas, no início do século XIX, na fiação, tecelagem, aplicação do vapor nos navios e locomotivas, inovaram inventando a máquina de costura e o telegrafo magnético. A forte imigração também contribuiu para a aceleração do crescimento, pois, por um lado, proporcionou mão de obra para as novas indústrias e, por outro lado, estes imigrantes eram já conhecedores das técnicas por serem, alguns, oriundos de países industrializados.
A primeira grande produção americana foi o algodão produzido no sul, por mão de obra escrava, que era transformado nas industrias do norte, alimentada pela mão de obra imigrante. O desenvolvimento dos caminhos de ferro proporcionou a unificação do mercado nacional e alimentou a indústria siderúrgica, metalúrgica e mineira. A imensidão do espaço e as novas riquezas do oeste fizeram dos Estados Unidos a maior potência mundial no início do século XX.
O Japão tinha uma sociedade fechada e tradicionalista. O imperador Mitsu-Hito tentou ocidentalizar o Japão, a partir do final da década de 1860. É a era Meiji, o período das luzes. Edificou-se uma monarquia forte, equilibrando a tradição com a modernidade, dando poder ao Estado que estabeleceu uma disciplina fiscal forte. A industrialização do Japão também se iniciou pelo têxtil e pelo algodão. A agricultura renovou-se, a produção aumentou e alimentou uma população em forte crescimento que por sua vez deu mão de obra à indústria mineira, siderúrgica, metalúrgica e química. Os transportes modernizaram-se, caminhos de ferro e navios a vapor surgiram no meio do Japão tradicional.
Síntese:
- Após o arranque inglês, o processo de industrialização expandiu-se para outros espaços europeus, ganhando grande protagonismo a França e os territórios alemães.
- Fora da Europa assinalamos o grande crescimento industrial dos Estados Unidos da América e do Japão.
- O desenvolvimento industrial não foi homogéneo e houve territórios em que o crescimento foi mais lento, foram os casos da Europa de leste e do sul.
Temas
Ficha Técnica
- Área Pedagógica: Identificar a expansão de processos de industrialização nos espaços europeus e extraeuropeus, salientando e emergência de potências como a Alemanha, os E.U.A ou o Japão.
- Tipologia: Explicador
- Autoria: Associação dos Professores de História/Nuno Pousinho
- Ano: 2021
- Imagem: Complexo fabril na Alemanha, Postal Brück & Sohn 1902