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A integração dos países menos desenvolvidos na economia mundial

A integração dos países menos desenvolvidos na economia mundial

A integração dos países com economias menos desenvolvidas na economia mundial através de práticas capitalistas de produção e comercialização, tem provocado modificações sociais e culturais devido à alteração do consumo. A deslocalização gera investimento tecnológico nesses países e cria empregos, mas tende a não respeitar os direitos humanos e o meio ambiente, podendo contribuir para as migrações.

Os países com economias menos desenvolvidas situam-se, sobretudo na América Latina, na África e na Ásia e apresentam baixos índices de produtividade, tanto na agricultura como na indústria, devido a um forte atraso tecnológico e a um mau aproveitamento dos recursos naturais, registando alguns deles problemas de escassez de água.

O seu fraco desenvolvimento económico gera elevadas taxas de desemprego e/ou de subemprego e não permite grandes investimentos em equipamentos de bem-estar social, como educação, saúde, habitação e saneamento, pelo que se mantêm elevadas taxas de analfabetismo e graves problemas de saúde.

A situação torna-se mais dramática por serem países com crescente aumento demográfico, em que a população está sujeita a estados de subnutrição, ou mesmo de fome, tendo, por isso, uma fraca esperança de vida. Em África, doenças como a sida e o ébola, agravam ainda mais este quadro.

A maior parte destes países sofreu uma situação de neocolonialismo, dependendo do investimento dos países desenvolvidos, que controlavam o comércio e os serviços, o que aumentou o seu endividamento externo. Mas a redução desses investimentos, no período após-Guerra Fria, piorou ainda mais a situação. Por isso, os defensores da globalização económica têm sublinhado a importância da integração destes países na economia mundial através das práticas capitalistas de produção e de comercialização, o que provoca também modificações sociais e culturais (e políticas) devido à alteração de hábitos de consumo.

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Tem-se assistido por isso, à deslocalização da atividade produtiva para esses países por muitas empresas multinacionais e transnacionais, que são atraídas, quer pelas facilidades de obtenção de matéria-prima evitando os gastos de transporte, quer pela existência de uma mão-de obra abundante à qual pagam baixos salários devido à fraca (ou nenhuma) formação e ao fraco custo com os encargos sociais, recorrendo muitas vezes a mão-de-obra infantil e juvenil.

Em muitos casos recorrem também ao emprego à distância ou emprego remoto por ser mais vantajoso dado não haver gastos com instalações, como no caso das empresas de telecomunicações na Índia. Na última década a média do PIB duplicou em África, registando-se o crescimento das economias em vários países, sobretudo com o investimento dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), destacando-se o papel da China.

A deslocalização tem gerado maior investimento tecnológico nos países menos desenvolvidos e maior liberdade de circulação de produtos, impulsionando-se o consumo através de preços baixos, o que também aumenta a exportação. A mundialização das trocas tem vindo a ser supervisionada pela Organização Mundial de Comércio (OMC) procurando-se a liberalização do comércio internacional com base nos princípios da não-discriminação, da concorrência leal e da promoção de um comércio internacional justo para garantir um tratamento diferenciado aos países em vias de desenvolvimento, com especial incidência nos que têm economias menos desenvolvidas.

A OMC procura ainda garantir uma eficaz gestão dos recursos naturais no quadro da promoção do desenvolvimento sustentável e da preservação do ambiente.

Não obstante, os críticos da globalização económica afirmam que este tipo de integração aumenta o fosso entre os países pobres e os países ricos e, dentro destes, aumenta a desigualdade social, dado que a deslocalização provoca desemprego nos países mais desenvolvidos, fazendo aumentar por consequência a pobreza e a fome. Afirmam ainda que as multinacionais e transnacionais, não só aumentam os seus lucros, mas também o seu poder face aos Estados-Nação, porque acabam por definir estratégias empresariais e financeiras à escala mundial que põem em causa o respeito  pelos direitos humanos e pelo meio ambiente, cuja exploração descontrolada tem agravado os problemas da escassez de água e contribuído para as alterações climáticas, bem como para o movimento das migrações à escala intercontinental.

Síntese:

  • Os países com economias menos desenvolvidas têm baixos índices de produtividade, forte atraso tecnológico, elevadas taxas de desemprego devido ao crescente aumento demográfico, e enfrentam problemas de subnutrição, saúde, habitação e saneamento.
  • A OMC tenta regular a sua integração no comércio global, defendendo a liberalização das trocas num quadro de não-discriminação e de comércio internacional justo.
  • A integração destes países na economia mundial através de práticas capitalistas e de consumo provoca ainda modificações sociais e culturais, e mesmo políticas.
  • A deslocalização da atividade produtiva para esses países tem criado emprego, mas desrespeita os direitos humanos e o meio ambiente, gerando fortes lucros para as multinacionais (e desemprego nos países mais desenvolvidos).

Temas

Ficha Técnica

  • Área Pedagógica: Explicar a maior integração das economias menos desenvolvidas na economia mundial fruto da deslocalização da atividade produtiva.
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Associação dos Professores de História/ Mariana Lagarto
  • Ano: 2021
  • Imagem: Homens reunidos em redor de culturas, 1991