O humanismo de Aristides de Sousa Mendes

O número de refugiados - especialmente judeus - que Aristides de Sousa Mendes salvou em 1940 continua por apurar, mas ultrapassa certamente a dezena de milhar. Para os resgatar contrariou ordens do Estado Novo, foi reformado compulsivamente e caiu na miséria. Décadas depois, foi considerado por Israel um "Justo Entre as Nações" e desde outubro de 2021 passou a ser recordado no Panteão Nacional.

Aristides de Sousa Mendes e o irmão gémeo, César, nasceram a 19 de julho de 1885 em Cabanas de Viriato, numa família abastada. Ambos estudaram direito em Coimbra, mas acabaram por se interessar pela actividade diplomática.

Refugiados e Holocausto
Veja Também

Refugiados e Holocausto

Zanzibar, Brasil e Bélgica foram alguns dos locais por onde Aristides passou enquanto diplomata antes de rumar, em 1938, a França, onde assumiu a cadeira consular da cidade de Bordéus. A permanência deveria ser breve e a carreira deveria prosseguir num país asiático, mas o desencadear da II Guerra Mundial trocou-lhes as voltas da vida do avesso.

Quando aconteceu a invasão de França, em maio e junho de 1940, milhares de refugiados tentaram chegar á fronteira com Espanha, mas para a ultrapassarem necessitavam de visto para Portugal. para o obter milhares de pessoas  concentram-se à porta do consulado português em Bordéus, na esperança de conseguir o desejado carimbo e assinatura que permitissem escapar ao avanço alemão.

Por ordem ministerial, não estava autorizada a passagem de vistos sem autorização prévia, e Aristides de Sousa Mendes sabia que esta proibição visava especialmente as pessoas que o procuravam naquele momento. Mesmo assim assumiu a responsabilidade de salvar todos os que pudesse e começou a passar vistos sem olhar a quem ou ao número de pessoas. Milhares chegaram a Portugal.

A casa de Aristides de Sousa Mendes
Veja Também

A casa de Aristides de Sousa Mendes

Esta decisão custou-lhe um processo disciplinar e o afastamento da carreira diplomática. As dificuldades económicas dispersaram a família, e a certa altura teve de contar com o apoio da comunidade judaica.

Arruinado, morreu em 1954.

Na década seguinte Israel considerou-o um dos “Justos entre as Nações”, mas em Portugal a sua história só se tornou conhecida do público no final do século passado. A 19 se outubro de 2021 o Governo decidiu reconhecer a sua ação de salvamento e homenageá-lo, colocando uma placa evocativa no Panteão Nacional.

Temas

Ficha Técnica

  • Título: Artistides de Sousa Mendes no Panteão Nacional
  • Tipologia: Reportagem
  • Autoria: Ana Luísa Rodrigues/ José Manuel Rosendo
  • Produção: RTP
  • Ano: 2021
  • Imagem: Aristides de Sousa Mendes e a família