Carnaval a sério

Cabeçudos, matrafonas e foliões estão de pedra e cal no Carnaval português. Mas quando é que esta festa começou a fazer-se por cá? Não levem a mal que contemos esta história sem recurso a disfarces. O único mascarado aqui é mesmo o "Xé-Xé".

Não sabemos quem foram os primeiros foliões da história, mas podemos afirmar, com toda a certeza, que os povos mais antigos já celebravam o renascimento da natureza. Romanos, gregos e egípcios, por exemplo, davam as boas vindas à Primavera com os cultos de fertilidade, rituais de abundância para a agricultura e, celebrações fartas, consagradas aos respetivos deuses.

Com o passar dos tempos, o Carnaval vai ganhando novas modas. Falamos dos corsos e das máscaras de Veneza, que a partir do século XVII, começam a ser verdadeiras peças de arte, indispensáveis à libertinagem dos burgueses. Os excessos estão sempre associados aos festejos. Até a Igreja os absolve de pecado e autoriza os católicos a disfrutarem dos prazeres da carne. Tudo seria perdoado a seguir: se cumprissem com rigor os 40 dias de jejum da Quaresma, a purificação do corpo e da alma estavam garantidos. Uns séculos depois, a mesma Igreja vai tentar acabar com os festejos. Não consegue.

Em Portugal, as brincadeiras carnavalescas começam a fazer história por volta do século XVI, quando um homem do povo atira uma “laranjada” a um nobre. As partidas chegaram a ser violentas: havia brigas e vassouradas, baldes de água (e de outras coisas) despejados das janelas, lixo arremessado, cal esfregada nas roupas e nos cabelos, escadas ensaboadas à espera do trambolhão. Estas práticas foram proibidas e o Carnaval entrou na ordem dos cortejos, nas batalhas das flores que ainda hoje animam Loulé e, nos salões de baile.

Uma das figuras  que mais marcou o Carnaval de Lisboa no século XIX, chamava-se “Xé-Xé”. O professor José Hermano Saraiva recorda o dia em que se cruzou com esta personagem nas ruas da capital. Aqui fica uma breve história desta festa popular.

Ecomuseu do Barroso, em Montalegre
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Ficha Técnica

  • Título: Horizontes da Memória - O Tempo e a Moda
  • Tipologia: Extrato de Documentário
  • Autoria: José Hermano Saraiva
  • Produção: Videofono
  • Ano: 1998
  • Realização: Videofono