Povo que Canta
Trás-os-Montes, Festas do Solstício de Inverno
No encalço da música tradicional portuguesa dada a conhecer por Giacometti, através da RTP, nos anos 70, o produtor Ivan Dias e Manuel Rocha, da Brigada Victor Jara, voltaram ao Planalto Mirandês, três décadas depois, para regravar sons e imagens, por altura das festas de inverno, quando os caretos saem à rua.
Nestas terras raianas, a gaita é o instrumento de estar, de ouvir, de bailar, de acompanhar cada movimento festeiro ou de devoção. E quando se grita “viva la gaita” quer-se dizer viva o gaiteiro, o principal protagonista de qualquer festejo. Assim é também entre o Natal e o Ano Novo, quando, por várias localidades transmontanas, se mistura em doses certas o sagrado e o profano. Mascarados, pauliteiros e grupos de tocadores percorrem as casas e as praças em celebrações como a Festa dos Rapazes, em Varge, ou a Festa dos Moços de São João Evangelista, em Constantim. Rituais ancestrais que invocam a fertilidade, a virilidade e onde a música expulsa também os males.
Enquanto a Língua For Cantada / Anquanto la lhéngua fur cantada
Durante o seu trabalho de recolha e investigação sobre a música portuguesa levado a cabo nos anos 70, Michel Giacometti e Alfredo Tropa registaram em sons e imagens um imenso arquivo, que deu origem à série televisiva “Povo Que Canta”. Foi levado à audiência televisiva de um país que se redescobria a si próprio através dessa série. Esta segunda versão do “POVO QUE CANTA” , datada do início do século XXI, seguiu-lhe o encalço em forma de homenagem aos primeiros autores, mas também à memória cultural do povo lusitano: Este episódio centra-se em terras transmontanas.
