“Aparição”: o filme do livro de Vergílio Ferreira
Nesta história há solidão, dor, amor e morte. E um jovem professor a revelar-se a si próprio nestas camadas espessas da realidade. Mais do que contar, Vergílio Ferreira, o autor, escreveu-a para fazer pensar sobre a existência e o sentido da vida. Obra de transição do neorrealismo para o existencialismo, “Aparição”, de 1959, reflete também o tempo sombrio da ditadura fascista. Alberto Soares, o protagonista, chegou ao cinema com Fernando Vendrell. Fazer este clássico de pendor filosófico e autobiográfico foi um desafio para realizador e atores.
Fazer um filme fiel ao livro foi o princípio desta “Aparição” recontada no cinema. Mas o romance de Vergílio Ferreira, clássico da literatura portuguesa do século XX, não possui características propriamente cinematográficas. Alberto Soares, o protagonista que partilha elementos biográficos com o autor, vive em introspeção, numa busca interior constante. Este discurso existencial e os diálogos originais foram mantidos para não se perder a dimensão filosófica da história.
Como acontece em qualquer exercício de adaptação de uma obra literária ao grande ecrã, Fernando Vendrell fez reduções, ajustou cenas. Mas a sua história tem o mesmo começo do livro, o mesmo prenúncio de tragédia: um jovem professor, descrente, amargo e sombrio, acabado de chegar à pequena e luminosa cidade de Évora.
Temas
Ficha Técnica
- Título: Literatura Aqui
- Tipologia: Extrato de Magazine Cultural - Reportagem
- Produção: até ao Fim do Mundo
- Ano: 2018