25 de Abril
Livros e escritores censurados pelo Estado Novo
Durante a ditadura tudo o que se escrevia era vigiado pela polícia do regime. A censura à imprensa e aos jornalistas era diária, mas os livros e os escritores também não escapavam ao exame e à perseguição da PIDE. Foi assim até à Revolução de Abril. Almeida Faria começou a escrever antes da liberdade chegar, Bruno Vieira Amaral, depois. Histórias de tempos diferentes para ouvir aqui.
A palavra escrita podia comprometer o regime e a imagem que dele os portugueses tinham. Durante 48 anos, a política de Salazar, seguida por Marcello Caetano, era feita de silêncios, de calar tudo o que fosse considerado “propaganda subversiva”. A censura, prática comum a todas as ditaduras, sujeitou os que tinham a escrita como profissão. Os jornais, as revistas, os livros e outras manifestações culturais, eram cortados previamente ou simplesmente proibidos. Fugir ao lápis azul passou a ser uma arte construída em subtilezas e truques para iludir a vigilância policial. E uma forma de resistir sem liberdade de expressão.
Em 1933, a censura que já se aplicava às notícias e aos jornalistas passou também para a esfera literária. Centenas de obras foram proibidas. Da lista negra de autores portugueses faziam parte Urbano Tavares Rodrigues, Miguel Torga, Alves Redol, Natália Correia, Herberto Helder, Aquilino Ribeiro, Vergílio Ferreira, entre muitos outros. Nos estrangeiros apareciam Jorge Amado, Jean-Paul Sartre e todos os que defendessem a ideologia marxista.
Nesta reportagem recolhemos o testemunho de dois escritores: Almeida Faria, que apesar de ter sido humilhado publicamente por Marcello Caetano não desistiu de escrever sobre o Alentejo pobre da ditadura, e Bruno Amaral Vieira, que depois da Revolução de 25 Abril, escreveu sobre o processo da descolonização. Sem a ameaça da censura.
Ficha Técnica
- Título: Muitos livros e escritores foram proibidos antes do 25 de Abril
- Tipologia: Reportagem
- Autoria: Teresa Nicolau/ João Martins/ Paulo Nunes
- Produção: RTP
- Ano: 2014