À conquista da fortaleza de Elvas, antiga “chave do reino”

Esta cidade já foi a mais importante linha de defesa da nação. Aqui muitos caíram a lutar contra os espanhóis. Mas Elvas, a poderosa, resistiu sempre. Porque tem o maior sistema de fortificações abaluartadas do mundo. Por isto e muito mais é Património Mundial da Humanidade.

Era ainda Elvas uma pequena vila da raia alentejana, já as suas muralhas dominavam a paisagem da planície. Durante séculos foi sendo ali construída uma fortaleza inexpugnável, que a defendesse dos ataques fronteiriços dos vizinhos castelhanos e, ao mesmo tempo garantisse a independência de Portugal. As primeiras fortificações com alguma projeção e dimensão são do tempo dos romanos. Mais tarde os muçulmanos edificaram um castelo numa das colinas que será conquistado em 1226, no reinado de Sancho II, passando Elvas a ser uma vila inteiramente portuguesa.

De imediato reedificou-se o castelo, com as muralhas a serem remodeladas e acrescentadas pelos sucessivos reis: foram abertas portas, levantados torreões, construída uma torre de menagem sem igual. D. Fernando, que se encontrava em constantes guerras com Castela, viu-se obrigado a construir uma terceira cintura defensiva de muralhas. Entre a defesa e o ataque, a vila, elevada a cidade em 1513, ganhava importância estratégica e uma identidade militar. Com a crise de 1580 foi entregue aos espanhóis a troco de dinheiro, distribuído por Filipe II. Algumas décadas depois, com obras de melhoramento realizadas entretanto no seu perímetro defensivo com quase 10 quilómetros, o resgate fez-se pagar com sangue.

Tomada de Cascais: o início da dinastia Filipina
Veja Também

Tomada de Cascais: o início da dinastia Filipina

Assim, as  guerras de fronteira que se seguiram à Restauração, em 1640, puseram à prova a resistência raiana: durante quase três meses a cidade foi bombardeada pelos espanhóis comandados por Luís de Haro, ao mesmo tempo que população e soldados eram dizimados por uma grave epidemia. Acabaram socorridos por uma força vinda de Estremoz que venceu a Batalha das Linhas de Elvas e impediu que Portugal caísse de novo em poder do inimigo. A praça-forte escolhida depois para sede do governo militar do Alentejo, tornou-se uma das mais poderosas do país, conhecida então como a chave do reino: quem abrisse esta entrada, tinha um caminho fácil até Lisboa.

A batalha das Linhas de Elvas
Veja Também

A batalha das Linhas de Elvas

Esta vitória e outras que se seguiram, deveram-se a um raro sistema de defesa composto pelo maior conjunto de fortificações abaluartadas terrestres do mundo, um projeto complexo e pioneiro atribuído ao engenheiro holandês Cosmander e a outros mestres, iniciado no século XVII.

Do passado glorioso de Elvas ficou uma herança única reconhecida pela UNESCO em 2012 como Património Mundial da Humanidade, de onde se destacam o Forte da Graça e o Forte de Santa Luzia. Hoje, sem invasores por perto, podemos visitar aquela que foi a mais importante linha de defesa da nação com a jornalista Paula Moura Pinheiro e o especialista em arquitetura militar, Domingos Bucho.

Farol do Bugio, uma fortaleza na foz do Tejo
Veja Também

Farol do Bugio, uma fortaleza na foz do Tejo

Banda Desenhada
Veja Também

Banda Desenhada

Temas

Ficha Técnica

  • Título: Visita Guiada
  • Tipologia: Programa Cultural
  • Autoria: Paula Moura Pinheiro
  • Produção: RTP
  • Ano: 2015