A esperança cumprida
A revolução do 25 de abril de 1974 visava o fim do regime ditatorial, mas não podia, desde o início, esquecer os prisioneiros. Os riscos eram muitos e o perigo de morte podia estar iminente. Este final de história foi feliz, mas a ansiedade foi intensa.
O princípio subjacente à libertação de presos políticos à altura do 25 de abril de 1974 foi “ou se libertam todos ou nenhum”. Libertaram-se todos depois de a afluência de familiares, jornalistas e advogados ter sido grande.
Luísa Teotónio Pereira, filha do arquitecto Teotónio Pereira, preso em Caxias Aquela data, relata na primeira pessoa em estúdio, 25 anos depois, o terror de receber uma chamada telefónica que lhe dá conta do golpe mas que a deixa a temer o pior. Se alguma coisa falhasse, seria a vida dos prisioneiros a primeira refém. Era a vida do pai que estava em jogo.
Sobrevivente e tendo saído de Caxias como se viesse de “uma estância balnear”, nas palavras da jornalista Fernanda Mestrinho, Teotónio Pereira explica também 25 anos depois que, passados os primeiros momentos de desinformação, em que não sabiam se o golpe era de direita ou de esquerda, a serenidade chegou com a certeza de estarem todos do mesmo lado.
A surpreendê-lo à saída da prisão de Caxias, as perguntas dos jornalistas, a que reage com alguma incredulidade: “Mas a censura acabou mesmo? Vocês já podem escrever à vontade?”, terá perguntado. As respostas afirmativas eram o indício real da mudança acontecida.