A guerra de África chega à televisão

A importância política da guerra em África trouxe o conflito para a televisão, mas nem tudo passava no ecrã. As equipas de reportagem captavam todas as imagens e histórias que, antes de serem emitidas, percorriam um longo caminho.

A censura intensificou a sua vigilância para impedir que as imagens mais chocantes do conflito chegassem à casa das pessoas. Mas não eram só as imagens da guerra que a televisão deixava de fora. Com o tempo também as partidas de soldados do porto de Lisboa – que no princípio eram habituais – desapareceram dos órgãos de comunicação social da época.

Tudo o que pudesse transmitir uma imagem negativa do conflito que se vivia nas ex-colónias era objecto de atenção dos censores, apesar do esforço feito pelos jornalistas, que tentavam documentar da melhor forma tudo o que acontecia. A televisão teve equipas a recolher imagens desde os primeiros ataques da UPA em Luanda e depois no norte de Angola onde aconteceram os massacres de civis.

Foi também na televisão que se celebrizou a frase “adeus, até ao meu regresso”, uma expressão que ganhou força porque a maioria dos soldados tinha dificuldades em expressar-se quando lhes era pedido para gravarem mensagens para a família. Para facilitar e acelerar o processo – pois o interesse era mostrar o maior número de militares – os repórteres da televisão começaram a aconselhá-los a dizer a frase caso não se lembrassem de outra,  e a expressão tornou-se uma imagem de marca daquele momento televisivo.

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Ficha Técnica

  • Título: Um regime na televisão
  • Tipologia: Extrato de documentário
  • Autoria: Bruno Cerveira
  • Produção: RTP
  • Ano: 2004