A publicidade e os anúncios

A guerra trouxe para a imprensa um novo conjunto de anúncios que utilizavam a guerra como pretexto ou apresentavam produtos supostamente úteis para aqueles que para lá iam. São pequenas pérolas que merecem ser recordadas uma centena de anos depois e o mesmo acontece com os postais que foram trocados aos milhões durante os anos de conflito.

O exército é um novo cliente necessitado de muitos bens e os que iam para a guerra também. Não faltam anúncios para tais fregueses. Chapéus há muitos, também cantis ou espadas e suspensões de metal branco ou ferro niquelado para todo o tipo de armas. Oferece-se fardamento para instrução militar com acabamento esmerado.

Aos expedicionários exibem-se camas de campanha, bidets, lençóis de borracha e malas de toda a sorte a preços sem “competência”, à venda na Casa da Rússia, uma aliada. Já as navalhas, que se dizem suecas, podem se adquiridas na Rua da Palma 33, numa loja que se anuncia como Casa Ex-Alemã, não vá o freguês aviar-se noutro lado.

Há também muitos espaços comerciais que t~em como símbolos águias e milhafres, mas estas são – asseguram – de origem napoleónica, francesa, e só ignorantes ou mal-intencionados a podem confundir com a águia germânica.

O Alcatrão Guyot promete eliminar os micróbios e o receituário assegura que ao tomá-lo a todas as refeições – à dose de uma colher de café por copo d’água – se pode dizer adeus à tosse, bronquite e outras maleitas. O top dos remédios pertence, no entanto, ao Urodonal que sendo produto francês se bebe quase como champanhe e dá cabo do reumatismo, limpa o rim, evita as nevralgias, a ciática e é tão especial que é obrigatório “exigir em cada frasco a etiqueta com a marca registada Homem Atanazado.”

Por duzentos réis há também literatura cheia de golpes contra o inimigo, nomeadamente, “As Amantes do Kaiser”, uma obra que prometia revelações escandalosas sobre os amores e desamores do dito com várias “cocotes” da alta-roda.

Há 100 anos a técnica da publicidade encapotada já se usava e um lindo poema chamava, afinal, a atenção para os gabões de Aveiro e as capas à alentejana da célebre Casa das Tesouras.

Há sempre quem faça negócio, mesmo com a guerra, já se sabe…

Para ler este artigo na íntegra clique AQUI.

Rua do Arsenal, uma história política do século XX
Veja Também

Rua do Arsenal, uma história política do século XX

Temas

Ficha Técnica

  • Título: Postal da Grande Guerra - A publicidade e os anúncios
  • Tipologia: Programa
  • Autoria: Sílvia Alves
  • Produção: RTP
  • Ano: 2016