A queda de Constantinopla
A queda de Constantinopla às mãos dos otomanos marcou o fim efetivo do Império Romano e, tradicionalmente, o fim da Idade Média e o princípio da Idade Moderna. A cidade, múltiplas vezes ocupada por diferentes potências, separa a Europa da Ásia e corresponde à atual Istambul, na Turquia.
No dia 29 de maio de 1453, a cidade de Constantinopla foi tomada pelas forças do sultão otomano Maomé II, após um cerco de 53 dias. A estratégia do sultão assentava em dois trunfos principais para alcançar a vitória e vencer a resistência da cidade, que estava fortemente defendida por um sistema de muralhas e tinha fama de ser inexpugnável: o primeiro era a sua armada, que bloqueou Constantinopla e evitou que a cidade recebesse reforços por mar; o segundo era o uso de dezenas de canhões que procuravam abrir fendas na muralha.
A defesa dos bizantinos residia, precisamente, na esperança que as muralhas aguentassem os sucessivos embates até à chegada de uma armada de socorro veneziana. Na noite do dia 29, e depois de se saber que não havia nenhuma armada de Veneza a caminho, os Otomanos lançaram uma ofensiva final à cidade, em vagas sucessivas, e o assalto dos janízaros, as temíveis tropas de elite do sultão, conseguiram finalmente ultrapassar as defesas dos bizantinos, após uma brecha na muralha. A cidade caiu em poder dos otomanos numa questão de poucas horas.
- Porque não veio a cristandade europeia em socorro da cidade?
As relações entre a Europa católica, latina, e o império bizantino, ortodoxo, grego, nunca tinham sido fáceis. Apesar de partilharem um passado comum e de enfrentarem em conjunto a ameaça dos turcos, primeiro os Seljúcidas e depois os Otomanos, vários obstáculos dificultavam o entendimento entre as duas partes. O primeiro desacordo era religioso, uma vez que as duas igrejas, a católica e a ortodoxa, se tinham mutuamente excomungado, no chamado grande Cisma, em 1054.
Depois, os avanços das Cruzadas no Médio Oriente, a partir do século XI, haviam envenenado as relações entre europeus e bizantinos. As ofensivas dos cruzados tinham contribuído para o declínio do império e a própria Constantinopla foi saqueada, em 1204, no decorrer da IV Cruzada. No século XV, o império estava reduzido à cidade e aos seus arredores e sujeita à mercê dos otomanos. Quando se tornou evidente que Maomé II pretendia tomar Constantinopla, os imperadores cederam às exigências europeias de se submeter à autoridade de Roma, em troca de apoio militar, mas era tarde demais para evitar o colapso, como se veio a provar.
- Que impacto teve a queda de Constantinopla?
A queda de Constantinopla é um dos eventos mais importantes da História Universal porque assinala o fim do Império Bizantino, ou seja, do antigo Império Romano do Oriente e foi tradicionalmente considerada como a data que marca o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna. O seu impacto imediato foi sobretudo psicológico, porque foi visto como um sinal da fraqueza das potências europeias e da sua incapacidade em socorrer a cristandade oriental.
Houve projetos de preparação de uma ofensiva para recuperar Constantinopla aos turcos, que nunca se concretizou. O sultão otomano transformou a cidade na capital do seu império e esta vitória, além de lhe granjear um enorme prestígio, marcou um passo decisivo na sua expansão para oeste. Com o desaparecimento do império bizantino, os turcos otomanos passaram a ter livre acesso aos Balcãs e à Europa, constituindo-se como a grande ameaça à cristandade ocidental durante os séculos seguintes.
Temas
Ficha Técnica
- Título: Os Dias da História - A queda de Constatinopla
- Tipologia: Programa
- Autoria: Paulo Sousa Pinto
- Produção: Antena 2
- Ano: 2017
- imagem: A entrada do sultão Mohamed em Constantinopla, Guérin Nicolas (