A Revolta do Rádio Clube
A 7 de setembro de1974, dia em que é assinado o acordo que reconhece o direito do povo de Moçambique à independência, estala a revolta dos colonos brancos. Na cidade de Lourenço Marques, aos microfones do Rádio Clube, os mais conservadores (que recusam a entrega do país à Frelimo) declaram a sua própria independência, o que desencadeia uma onda de violência que marcaria o processo de descolonização moçambicano.
Com a Revolução dos Cravos extremou-se em Moçambique a discussão entre os independentistas e os colonos brancos associados a movimentos que exigiam que a transição obedecesse a uma consulta popular. Grupos como a FICO (Frente Independente de Convergência Ocidental) ou o Movimento Moçambique Livre defendiam as teses federalistas do general Spnínola e em nome delas levaram a cabo várias ações terroristas pelo país.
Entre maio e junho de 1974 o ambiente deteriora-se com atentados bombistas por parte de radicais conservadores, há greves, comícios tumultuosos e arrancam as negociações de Lusaka entre a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) e o Estado português. No dia em que o acordo é assinado, a 7 de Setembro, a cidade de Lourenço Marques acorda em sobressalto com a revolta dos colonos.
Os locais estratégicos da cidade são tomados, os agentes da PIDE são libertados da cadeia da Machava e armados e, aos microfones do Rádio Clube, também ocupado pela população branca, é denunciado o acordo de Lusaka, exigido um ” governo de todas as raças ” e uma consulta popular. Apela-se à resistência de militares e da população e ao apoio da África do Sul. Os colonos proclamam na rádio a sua própria independência.
A revolta é derrubada, do ponto de vista político, com Spínola a ver-se obrigado a assinar o Acordo de Lusaka. A 10 de setembro, depois de uma onda de violência em Lourenço Marques contra a população negra, as forças armadas recebem de Portugal ordem para apoiarem uma ação de retoma do Rádio Clube e controlarem a cidade, contra a vontade dos colonos. Começa o êxodo: uns fogem para a África do Sul e os outros regressam a Portugal.