Acabou-se a Legião

A Legião Portuguesa foi criada em 1936 à semelhança de movimentos do fascismo alemão e italiano. Era o instrumento da ditadura portuguesa com vista ao enfraquecimento do exército, dando margem de manobra às grandes reformas a operar na instituição militar.

Desenhada para diminuir o peso do exército português, a Legião Portuguesa substitui-o logo no ano imediatamente seguinte à sua criação no tradicional desfile do 28 de Maio.

Aglutina os elementos mais radicais da direita portuguesa e, nos últimos anos, tem um serviço de informação com uma complexa rede de informadores e também uma tropa de choque do regime, com um papel notório na prisão de manifestantes e no assalto a algumas instituições ligadas à oposição. É desmantelada pelo MFA (Movimento das Forças Armadas), com um forte apoio popular poucos dias depois do 25 de Abril de 1974.

Vinte e cinco anos depois, o Comandante Sá Leal – que aparece em janela nesta peça – e que esteve à frente da Comissão de Extinção da Legião Portuguesa, declara que a Legião sempre valeu mais pelo que aparentava ser do que por aquilo que realmente era.

Não obstante, refere o método de recolha das informações obtidas acerca de perto de um milhão de pessoas: “Grande parte daquela informação era perigosamente má.”

Por vezes, diz, dada por pessoas “paranóicas” e sem grande ligação à verdade dos factos. Curiosamente esta informação, diz o Comandante, começa por ser de auto-defesa: o objectivo era verificar a validade das candidaturas a elementos da Legião, corroborar se eram de facto dignos de entrarem na corporação.

Afirma o Comandante Sá Leal, com alguma ironia: “Os processos maiores eram os deles” e acrescenta: “A Legião não era um tigre de papel porque ainda rugia e ainda podia fazer algum mal.”

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Ficha Técnica

  • Título: Acabou-se a Legião
  • Tipologia: Extrato de programa
  • Autoria: Diana Andringa
  • Produção: RTP
  • Ano: 1999