Volta ao Mundo em Cem Livros

“Antígona”: a imortal tragédia de Sófocles

Estreada em 442 a.C. a obra-prima de Sófocles tem uma voz que nos guia. A de uma mulher que se insurge contra o poder e as leis dos homens. Antígona, esse é o seu nome, enfrenta Creonte, rei de Tebas, e a tragédia anuncia-se. O resumo da peça está neste programa literário.

A casa real de Tebas está condenada à tragédia. A morte ronda a história, no princípio e no fim. Antígona vem a esta peça desafiar o poder de um rei tirano. Apesar da sua condição de mulher, segue a voz da consciência contra a vontade de Creonte. Afinal, o que pede é uma sepultura digna para o irmão proscrito, morto numa guerra fratricida. Os rituais fúnebres são proibidos por decreto, mas a princesa enterra Polinices sabendo que terá de pagar a desobediência com a vida. O preço é alto, por que razão ousou infringir as normas? 

 “Ousei, porque elas não emanavam de Zeus nem da Justiça, que habita junto às divindades infernais; e não acreditei que um simples mortal como tu pudesse ter suficiente autoridade para se permitir transgredir as leis não escritas, mas imortais dos deuses.” 

A partir desta peça escrita há mais de 400 anos antes da nossa era, Sófocles continua a interrogar-nos sobre a relação tensa e imperfeita entre o indivíduo e o Estado, sobre o poder da vontade como forma de desobedecer a leis eticamente questionáveis e reprováveis. Antígona vive teimosamente nessa luta e faz a sua escolha, age com uma coragem inesperada para uma mulher da Grécia Antiga. Também por isso, esta heroína continua a ser um modelo de resistência. Para a jornalista Alexandra Lucas Coelho, a sua voz faz parte da memória humana.  

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Ficha Técnica

  • Título: Volta ao Mundo em Cem Livros
  • Tipologia: Programa Literário
  • Autoria: Alexandra Lucas Coelho
  • Produção: RTP
  • Ano: 2022
  • Imagem: Antígona, uma luz ao fundo do túnel - Pintura de Fredrick Leighton