Linha da Frente

As mulheres querem entrar

De todas as empresas cotadas na bolsa de Lisboa, só uma mulher surge como presidente da comissão executiva. As quotas de género impõem pelo menos um terço de mulheres em lugares de administração mas, quando elas chegam ao poder, são quase sempre nomeadas para cargos não executivos. Na política, as quotas femininas vão ser alargadas para 40% durante esta segunda década do século XXI. Nesta reportagem tentamos perceber o que continua a atrasar a vida e os direitos das mulheres em Portugal.

Multiplicam-se os estudos em todo o mundo segundo os quais, quando as mulheres estão em cargos de chefia, há mais produção, mais criatividade e menos conflito. Mas essa é uma realidade que não faz parte do mapa nacional, em que 53% da população é feminina, onde são elas quem mais chega ao ensino superior e com melhores classificações. Mas, ainda assim, não alcançam, posteriormente, o patamar dos homens.

Em 2005 começou a mudar-se o panorama do acesso das mulheres a posições políticas e criou-se a primeira lei de quotas que obrigou a um terço de nomes femininos nas listas dos partidos às eleições. Mesmo assim, são raras as que chegam às lideranças parlamentares ou mesmo partidárias, tão pouco aos mais altos cargos da nação.

O poder veste saias
Veja Também

O poder veste saias

Nas empresas, o cenário é o reflexo da sociedade. À medida que se sobre na hierarquia, menos mulheres se encontram. E se as leis, como a da parentalidade, foram durante décadas motivo de justificação para a escolha preferencial dos homens, parece hoje em dia pesar mais a mentalidade e a carga cultural que ainda carregam sobretudo os homens, mas também as próprias mulheres.

Muitas vezes são elas a não darem passos no sentido de se promoverem no trabalho, mesmo quando a porta se abre. A luta pela paridade e pelos direitos é ainda estranha a muitas mentes, tal como há mais de um século, quando Beatriz Ângelo fomentou o movimento sufragista em Portugal e se tornou na primeira mulher a votar. Os jornais noticiaram, então: “As mulheres querem entrar”. Mas, mais de 100 anos depois, outra frase antiga parece também continuar a fazer reflexo nos dias que correm quando se fala de direitos e igualdade de género: “Muito pode a ignorância!”

A mulher e o direito ao voto
Veja Também

A mulher e o direito ao voto

Temas

Ficha Técnica

  • Título: Linha da Frente - As mulheres querem entrar
  • Tipologia: Reportagem
  • Autoria: Sandra Sá Couto /André Mateus Pinto / José Luís Carvalho
  • Produção: RTP
  • Ano: 2020