Cruzeiro Seixas: o último dos surrealistas portugueses

Quando o surrealismo chegou a Portugal, Cruzeiro Seixas descobriu uma filosofia insubstituível, na arte e na vida. Os seus desenhos de traço fino nunca se afastaram dessa linguagem estética, "a mais avançada que o homem encontrou", diz-nos aos 96 anos.

No início dos anos 20 surgia um novo movimento literário e artístico que queria transformar a sociedade e libertar o espírito. Contra a ordem vigente que tinha conduzido o mundo às atrocidades da Primeira Guerra Mundial, o surrealismo propunha uma revolução nas artes e na vida. O caminho, diziam em Paris os seguidores de Guillaume Apollinaire, era sonhar e imaginar, sem imposições estéticas ou morais.

Os grandes princípios desta vanguarda, uma das mais marcantes do século XX, ficariam definidos em 1924, com a publicação de “O Manifesto do Surrealismo”, de André Breton. Tendo como princípio basilar o automatismo psíquico, a corrente entrou no Portugal da censura e da PIDE, e aqui encontrou jovens artistas, inquietos e insubmissos, que queriam desafiar o regime e a cultura oficial.

Artur Cruzeiro Seixas estava nesse grupo inicial. Ao lado de Mário Cesariny, com quem manteve uma relação longa e intensa de amizade, de António Maria Lisboa, Mário-Henrique Leiria, Pedro Oom, entre outros, organizou em 1947 a primeira exposição de todos os poetas e pintores que rejeitaram o grupo surrealista de Lisboa. Chamaram-lhe Os Surrealistas, e entre obras, performances e instalações, provocaram um escândalo na capital.

Cruzeiro Seixas tem 96 anos, mãos que não desenham e olhos que pouco conseguem ver. Mas o surrealismo continua nele inteiro porque “é uma filosofia insubstituível, uma das mais belas janelas que se abriu ao homem”. Seguimos as suas palavras nesta reportagem de 2016.

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Ficha Técnica

  • Título: Literatura Aqui - Cruzeiro Seixas
  • Tipologia: Extrato de Programa de Artes e Cultura - Reportagem
  • Produção: até ao Fim do Mundo
  • Ano: 2017