Dia da “Fogueira das Vaidades”
A “Fogueira das Vaidades” era uma prática, que se verificou em diversas ocasiões e cidades europeias, de queima pública de objetos considerados como causa de pecado, e que geralmente seguiam-se a sermões inflamados de pregadores ou monges contra a vaidade humana e a necessidade de purificar os atos e as práticas dos fiéis católicos. Mais especificamente, a expressão designa os acontecimentos ocorridos no dia 7 de fevereiro de 1497, em Florença, pela sua dimensão e impacto.
Nesse dia foi ali reunida e queimada uma grande quantidade de objetos, como livros, obras de arte, produtos de cosmética ou roupas, que se consideravam como meros produtos da vaidade e contrárias à pureza dos ideais evangélicos. Diz-se que o pintor Sandro Botticelli terá queimado algumas das suas próprias obras, mas não há dados seguros que confirmem esta suposição. Os responsáveis pela queima foram adeptos de um pregador chamado Jerónimo de Savonarola. Embora não esteja provado que o próprio tenha estado envolvido nos eventos, o impacto da queima acabou por ter consequências graves para si e para os seus seguidores.
- Quem era Savonarola?
Fr. Jerónimo de Savonarola era um frade dominicano que adquiriu notoriedade em Florença como pregador. Nos seus sermões inflamados, insurgia-se contra a corrupção, a riqueza e a ostentação da Igreja Católica e incitava os seus seguidores a despojarem-se de todo o tipo de luxo e de riqueza, como era, aliás, comum no seio das ordens mendicantes, ou seja, franciscanos e dominicanos.
O interesse da pregação de Savonarola provinha do facto de ter tomado como alvo não apenas a riqueza material mas os temas comuns do Renascimento, ou seja, os clássicos gregos e romanos, quer na literatura, na pintura e noutras artes, que considerava como um retorno ao paganismo e uma ameaça à fé católica. O período do Carnaval, festejado normalmente em fevereiro e que Savonarola e os seus seguidores consideravam o momento alto deste regresso ao paganismo, era portanto o momento ideal para levar a cabo estas “fogueiras das vaidades”.
- Que efeitos teve?
A dimensão da “fogueira das vaidades” de 7 de fevereiro de 1497 acabou por chamar a atenção das autoridades eclesiásticas para o que era considerado como um excesso de zelo e um incómodo para a normalidade da vida dos fiéis. Provavelmente foi um ponto de saturação, por parte do papado, para as atividades deste frade, marcadas por crescentes desafios à autoridade do papa, profecias, denúncias e dramatizações públicas.
Pouco depois era excomungado, o que constituiu um sério aviso para o futuro. Mas a sua popularidade era, até certo ponto, uma garantia de segurança. Porém, o seu apoio popular decaiu rapidamente nos meses seguintes e Savonarola acabou por ser preso, condenado à morte e executado, em maio do ano seguinte.
Temas
Ficha Técnica
- Título: Os Dias da História - Dia da “Fogueira das Vaidades”
- Tipologia: Programa
- Autoria: Paulo Sousa Pinto
- Produção: Antena 2
- Ano: 2017
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