Eça de Queirós e a literatura contemporânea

Na segunda metade do século XIX, Eça de Queirós chocava a sociedade conservadora com a sua pena afiada. Pelo que dizia e pela forma como o dizia. Estava em curso uma revolução na língua literária, com repercussões até hoje. A obra, incompreendida no seu tempo, é a que mais adaptações motivou no teatro, cinema, televisão e rádio.

Viveu grande parte da sua vida longe de Portugal, no entanto a distância imposta pela carreira diplomática não o impediu de ter uma visão sobre a sociedade portuguesa, de refletir e de escrever sobre a pátria do século XIX, de forma crítica e inovadora. Nos romances, contos, crónicas, ensaios, abusava da ironia, da caricatura, dos adjetivos e dos advérbios, desafiava o português clássico. Por isso, também, nunca conseguiu ter grande sucesso. Incompreendido, muitas vezes rejeitado pelos mais próximos contemporâneos, Eça de Queirós acabou por se tornar num clássico, ainda hoje considerado o autor que mais contribuiu para a prosa moderna.

O impacto da sua obra continua presente nas personagens universais que criou, nos medíocres, exibicionistas, pacóvios Gouvarinhos, Dâmasos e conselheiros Acácios, cujos traços não perdem atualidade. E depois, existem as citações, as falas saídas da pena afiada do autor de “Os Maias”, ” o país da choldra” ou “isto é um lodaçal”, reproduzidas constantemente. O professor Carlos Reis, especialista deste universo queirosiano, sublinha este lado inovador na obra de Eça, representada na figura ficcionada e distintiva que é Fradique Mendes, uma espécie de heterónimo inventado muito antes da multiplicidade de Fernando Pessoa começar.

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Ficha Técnica

  • Título: Literatura Aqui
  • Tipologia: Extrato de Programa Cultural - Reportagem
  • Produção: até ao Fim do Mundo
  • Ano: 2016