Entrada em vigor do Tratado da União entre a Inglaterra e a Escócia

A 1 de maio de 1707 entraram em vigor os Acts of Union, ou seja, os decretos promulgados previamente pelo parlamento de Inglaterra e pelo parlamento da Escócia e que ratificavam a fusão de ambos num único Parlamento da Grã-Bretanha.

Foi o culminar de um processo de negociações entre as duas partes, promovido e apadrinhado pela rainha Ana, e que haviam conduzido ao Tratado da União, celebrada entre a Inglaterra e a Escócia em 1706. Este Tratado previa uma união política e económica e constava de 25 artigos, que foram sujeitos a uma demorada análise e negociação entre ambas as partes. Tratou-se, portanto, um acordo pacífico que subsiste, no essencial, até aos nossos dias. A Irlanda ficou de fora do acordo, uma vez que as dificuldades de entendimento com a Coroa de Inglaterra eram muito superiores e subsistia, ainda, o estatuto de reino ocupado, no qual a larga maioria da população católica permanecia excluída do poder.

 

  • Como se chegou a esse ponto, de união dos dois reinos?

As relações entre a Inglaterra e a Escócia tinham sido marcadas pela guerra e pela hostilidade mútua desde os finais do século XIII, quando Eduardo I de Inglaterra tentou pela primeira vez impor o seu poder junto da nobreza escocesa. No século XIV, a Escócia repeliu definitivamente o domínio inglês e os dois países permaneceram separados durante os séculos seguintes. Em 1603, a subida de Jaime VI da Escócia ao trono inglês, como Jaime I, abriu as portas à primeira tentativa de união pacífica dos dois reinos, mas a agitação política e o período de guerra civil que se viveu nos meados do século XVII não permitiram que fossem dados passos concretos nesse sentido.

Existiam diferenças substanciais entre as tradições políticas de ambos os lados e a união das respetivas igrejas nacionais constituía igualmente um obstáculo de difícil resolução. Havia, aliás, fações de ambos os lados que se opunham ferozmente à fusão política. Só em 1702, com a subida ao trono da rainha Ana, é que foi possível desencadear o processo de negociações pacíficas que vieram a desembocar no Tratado da União. A Inglaterra e a Escócia passaram então a formar um único estado, a Grã Bretanha, e a rainha Ana passou a intitular-se rainha da Grã-Bretanha e da Irlanda.

 

  • Que consequências teve?

A união dos dois reinos foi impopular e suscitou alguma oposição, quer em Inglaterra, quer na Escócia, mas resistiu aos obstáculos e, inclusivamente, a uma crise de sucessão da coroa, nos meados do século XVIII, e acabou por se revelar uma solução duradoira. Foi como Grã Bretanha que Inglaterra e Escócia se impuseram como a maior potência da Europa, construindo um império ultramarino que se estendia do Extremo Oriente ao continente americano. Formalmente, porém, a Grã-Bretanha durou apenas um século.

Em 1800, a Irlanda, que formava ainda um reino autónomo, foi agregada à união e o país passou a chamar-se, então, Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda. Esta situação permaneceu até 1922, data em que a separação da maior parte da Irlanda levou à alteração para Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte, designação que perdura ainda hoje. A Grã-Bretanha é, portanto, um edifício político com três séculos mas que está hoje sujeito a novos desafios, com a saída do Reino Unido da União Europeia e a emergência de forças políticas e sociais na Escócia que apelam à separação e, portanto, à dissolução da Grã-Bretanha.

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Ficha Técnica

  • Título: Os Dias da História - Entrada em vigor do Tratado da União entre a Inglaterra e a Escócia
  • Tipologia: Programa
  • Autoria: Paulo Sousa Pinto
  • Produção: Antena 2
  • Ano: 2017