Planeta A

Entre pobres e ricos, o fosso

Não são palavras à toa: "os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres, cada vez mais pobres". É que, apesar do contínuo desenvolvimento económico, as desigualdades na distribuição da riqueza continuam a acentuar-se. A pandemia da Covid-19 agravou a situação e estima-se que só as alterações climáticas venham a contribuir com mais 100 milhões de novos pobres até 2030.

Apesar do progresso significativo que se verificou nas últimas décadas, cerca de 10 por cento da população mundial vive em situação de pobreza extrema – com menos de dois dólares por dia. O objetivo estabelecido pela comunidade internacional era reduzir a pobreza mais grave para 3 por cento até 2030. Mas os abanões cíclicos da economia mundial e a pandemia adiaram esse objetivo. Além disso, os modelos económicos vigentes têm vindo a intensificar, nos últimos anos, o fosso entre ricos e pobres, criando maiores desigualdades sociais.

Causas e consequências da desigualdade
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Como podemos assegurar que o crescimento da economia permita uma distribuição sustentável e equitativa dos rendimentos? Num pequeno município do Rio de Janeiro, no Brasil, é posta em prática uma das soluções debatidas, a nível mundial, para a eliminação da pobreza e para a redução da desigualdade social: o rendimento básico universal. Na sua essência, defende que todos, ricos e pobres, devem receber transferências regulares de dinheiro sem qualquer contrapartida. Será uma alavanca para que se dê o salto da miséria?

O Rendimento Básico Universal
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Perante a crescente complexidade dos desafios sociais, o combate à pobreza não passa apenas pela distribuição de rendimento. Trata-se de um problema muito mais elaborado e há quem defenda que a solução tem de passar pelo combate à carência energética, pelo acesso a uma habitação de custos controlados, pelo travar da precariedade laboral. O conceito de pobreza multidimensional tem ganho forma, em especial com a crise das classes médias no mundo ocidental.

Em Espanha (Jerez de La Frontera) e em Portugal (Alandroal), encontramos casos de mobilização da sociedade civil em prol de habitação condigna. Nos designados países desenvolvidos, não sendo tão extremos os casos de pobreza, nota-se um declínio, quer das condições de vida, quer das expetativas das novas gerações a um percurso com mais oportunidades do que as anteriores.

Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), mais de 10 por cento da população mundial vive com severas dificuldades para ter acesso a recursos básicos de saúde, de educação, água e saneamento. As áreas rurais são particularmente afetadas e as mulheres, bem como as crianças, continuam no topo da lista dos pobres mais pobres.

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As desigualdades são mais notadas na África subsaariana e na Ásia meridional, mas têm-se acentuado por todo o mundo. Esbarram com direitos fundamentais consagrados em Declaração Universal, na qual o artigo 1.º determina que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos”. Ora, a pobreza interfere desde logo, quer com a dignidade do ser humano, quer com a sua liberdade para fazer escolhas.

Desenvolvimento e sustentabilidade
Explicador

Desenvolvimento e sustentabilidade

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Ficha Técnica

  • Título: Planeta A - episódio 4, Pobreza
  • Tipologia: Documentário
  • Autoria: RTP e Fundação Calouste Gulbenkian
  • Produção: Até ao Fim do Mundo
  • Ano: 2022