Epigenética: a ciência que vai para além dos genes
A vida começa numa única célula que tem em si a informação genética que faz de nós seres irrepetíveis. Mas será que tudo o que se transmite de pais para filhos tem apenas origem nos genes? A epigenética responde a este desafio valorizando outros fatores.
Lars Jansen, natural da Holanda, veio em 2008 para Portugal estudar os mecanismos não genéticos que a nível molecular e através de proteínas controlam a transmissão de informação de uma célula-mãe para as células-filhas.
O investigador do Instituto Gulbenkian de Ciência explica que durante o processo de divisão celular o genoma é o mesmo mas as células diferenciam-se. Por exemplo, uma célula do músculo não é igual a uma célula do sangue porque os genes que ficam ativos são distintos.
Quando se dividem, as células levam consigo a memória do que são, ou seja, sabem que são diferentes não apenas por causa do ADN mas devido a outros fatores associados: “Existe algo em cima dos genes que é co-herdado com a informação genética, a chamada informação epigenética”, diz o investigador. Os gémeos idênticos são a prova de que o ADN não é tudo. Apesar de partilharem os mesmos genes, têm personalidades e estilos de vida diferentes.
Ter uma alimentação equilibrada, praticar desporto e técnicas anti-stress, são hábitos que influenciam a saúde individual e que se transmitem de pais para filhos. A herança epigenética é tão importante que pode influenciar o risco de doenças na geração que se segue. É desta ciência que aqui se fala.