À entrada da Barra do Tejo ergue-se uma fortificação redonda que defendia Lisboa dos navios inimigos, incluindo piratas que vinham atrás das riquezas das Índias. Construção quinhentista, a Torre de São Lourenço transformou-se mais tarde no Farol do Bugio.
Terá sido ainda no reinado de D. Sebastião que surgiu a ideia de construir um forte na barra sul do Tejo para, juntamente com a Torre de Belém e a Torre Velha de Almada, proteger o acesso marítimo à capital do reino.
O plano do arquiteto Francisco de Holanda não avançou, mas, uns anos depois, já na dinastia filipina, e perante a crescente ameaça dos corsários ingleses e holandeses, a ideia de reforço do sistema de defesa com uma nova fortificação voltou a colocar-se por iniciativa de João Vicêncio Casale. O engenheiro militar, de origem italiana, concebeu uma plataforma redonda, como era comum na arquitetura do período renascentista, e a proposta agradou a Filipe II de Espanha, I de Portugal.
A obra arrancou em finais do século XVI, na chamada Cabeça Seca da foz do rio, uma zona com um extenso banco de areia, onde foram lançadas, milhares de pedras “devidamente aparelhadas e consolidadas por inúmeros troncos ou traves (…) formando-se, assim, uma grande coroa circular submersa”. Levantada a ilha artificial, começou a construir-se a muralha que iria suportar o forte. Depois da morte de Casale, Frei João Torreano ficou a dirigir os trabalhos que só terminariam após a restauração da independência, em 1640.
Um século depois, por decisão do Marquês de Pombal, o Forte de São Lourenço, equipado com seis canhões, foi transformado em farol para ajudar os navios a passar
a bravia e traiçoeira barra do rio Tejo. A fortificação de soldados, tenentes e sargentos, ficou casa de faroleiros, mas só em 1911, ano em que perdeu o estatuto militar e dali retiradas todas as peças de artilharia, o forte é rebatizado como Farol do Bugio.
Entramos agora nas instalações da fortificação, referência internacional da história da engenharia militar e marítima, com os historiadores Joaquim Boiça e Maria Barros.