Ferreira de Castro tem uma casa-museu em Sintra

Na pequena vila de Sintra escreveu Ferreira de Castro muitas das suas obras. Foram quase trinta anos de um amor assumido "pela imensa poesia da natureza sintrense". Por isso, o autor de "A Selva" lhe doou o espólio e quis ser sepultado no cimo da serra.

Chegava a Sintra, instalava-se no Hotel Neto e escrevia. Como tantos outros artistas, Ferreira de Castro rendeu-se aos encantos da vila, onde encontrava paz e inspiração para a sua prosa.

Nascido em Oliveira de Azeméis, em 1898, mudou-se para o Brasil depois de concluir os estudos primários na escola de Ossela. Tinha apenas onze anos anos quando embarcou nesta viagem que iria marcar toda a sua vida, embrião do seu mais emblemático romance.

A dura experiência que teve no coração da Amazónia, onde trabalhou num seringal, “a masmorra verde”, como lhe chamou, levou-o a escrever “A Selva” para contar a história dos trabalhadores escravizados, que passavam fome e viviam em condições sub-humanas. Através de Alberto, o protagonista, resgata memórias e infortúnios da sua adolescência. Publicado em 1930, o romance é um sucesso e Ferreira de Castro um autor reconhecido e consagrado.

Ferreira de Castro, a selva como escola
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Esse seria o caminho que iria percorrer de forma consistente depois de regressado a Portugal, com 21 anos. Escrever era uma certeza. Ferreira de Castro começa por ser jornalista, mas é na ficção que se afirma. Considerado um dos pioneiros do realismo social, o seu nome foi proposto por Jorge Amado para o Nobel.

Muitos dos seus livros foram escritos a contemplar o verde de Sintra e, em 1973, um ano antes de morrer, decidiu doar-lhe o seu espólio. “Amo profundamente aquela vila, pela imensa poesia da natureza sintrense, onde tanto meditei e sonhei, pelo seu povo tão meu amigo, fi-lo porque foi em Sintra que escrevi, durante cerca de trinta anos, a maior parte da obra que realizei nesse longo período, o mais fecundo da minha vida”, explicou. Entre os muitos manuscritos, edições raras e objetos pessoais, encontra-se uma misteriosa caixa que, por vontade do escritor, só será aberta em 2050, como conta aqui Ricardo Alves, diretor desta casa-museu.

Casa-Museu Eça de Queirós
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Temas

Ficha Técnica

  • Título: Literatura Aqui
  • Tipologia: Extrato de Reportagem
  • Produção: até ao Fim do Mundo
  • Ano: 2015