Fundação da dinastia Ming, na China
Decorreu a 23 de janeiro de 1368, na cidade chinesa de Nanjing, a cerimónia de coroação do imperador Zhu Yuanzhang, que assumiu formalmente o nome de Hongwu como fundador da nova dinastia Ming.
Zhu provinha de uma família humilde de camponeses, que foi dizimada pela fome que então assolava diversas regiões rurais da China. Passou parte da sua juventude num templo budista, onde obteve refúgio e aprendeu a ler e escrever. Aos 24 anos aderiu a um dos muitos movimentos insurgentes contra a dinastia Yuan, de origem mongol, e destacou-se rapidamente como chefe militar competente e carismático. Em 1356, o seu exército tomou Nanjing, que transformou no seu quartel-general e, mais tarde, na capital do reino. Ao longo da década seguinte, Zhu derrotou os senhores da guerra rivais e assumiu-se como o reunificador da China. A sua coroação como imperador Hongwu foi o momento fundador da dinastia Ming, a que se seguiu uma ofensiva militar para norte e o colapso final da dinastia Yuan. Morreu em 1398, ao fim de um longo reinado de 30 anos.
- Quais foram as causas da queda da dinastia mongol?
Os mongóis governaram a China durante quase um século, desde a proclamação de Khublai Khan como imperador da dinastia Yuan, em 1271. Apesar de assumirem os padrões da cultura e civilização chinesas, os imperadores mongóis não deixavam de ser estrangeiros e eram vistos com grande desconfiança, nomeadamente pelos Han, o grupo étnico maioritário da China. Ainda na primeira metade do século XIV deflagraram diversas revoltas nas regiões rurais, propiciadas por uma série de maus anos agrícolas, uma administração ineficiente, o peso opressivo dos impostos e a incapacidade do governo de dar resposta às situações de crise.
Uma das mais importantes foi a chamada revolta dos Turbantes Vermelhos, um movimento armado que eclodiu no meado do século XIV e que rapidamente alastrou por toda a China. Isolado e sem confiança nos seus generais, o último imperador mongol acabou abandonou a capital Pequim, então chamada Khanbaliq, e retirou-se para norte, pouco depois da coroação de Hongwu e da proclamação da nova dinastia Ming.
- O que trouxe de novo a dinastia Ming?
Um dos traços mais importantes da nova dinastia foi a adoção de um conjunto de políticas e de linhas de orientação destinadas a defender a China do exterior e promover um sistema de autossuficiência alimentar e comercial. Pode-se, portanto, dizer que se tratou de uma dinastia, digamos, “nacionalista”. O confucionismo tradicional foi restaurado, foram realizadas obras públicas, nomeadamente nas infraestruturas viárias e nos canais de irrigação e foi implementado um sistema rigoroso de exames para aceder à carreira do serviço público.
A preocupação com a defesa das fronteiras, tanto a norte como a sul, tornou-se uma questão prioritária, o que em certa medida explica algum isolamento da China nos séculos seguintes e a hostilidade com que os portugueses foram recebidos no século XVI. Por essa altura, os Ming enfrentaram as mesmas dificuldades que as dinastias precedentes e uma sucessão de crises económicas, sociais e políticas acabou por levar ao seu enfraquecimento e queda, nos meados do século XVII.
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Ficha Técnica
- Título: Os Dias da História - Fundação da dinastia Ming, na China
- Tipologia: Programa
- Autoria: Paulo Sousa Pinto
- Produção: Antena 2
- Ano: 2018
- Dinastia Ming: By Unknown Ming court artist - Paludan, Ann. (1998). Chronicle of the Chinese Emperors: the Reign-by-Reign Record of the Rulers of Imperial China. London: Thames & Hudson Ltd. ISBN 0500050902. Page 180., Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=6860765